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Cenário econômico difícil não abala planos de expansão da Lojas Renner

29/11/2016 14h17

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A ausência de sinais concretos de retomada do consumo no Brasil não abala a confiança da Lojas Renner sobre seu plano de expansão de lojas nos próximos cinco anos, conforme a empresa vem revisando processos e fortalecendo seu balanço, com foco em estratégias voltadas para o longo prazo.

"Esse momento de cenário mais desafiador pode trazer oportunidade de crescimento também", disse em entrevista à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Laurence Gomes, ao ser questionado sobre os planos de expansão da empresa.

A Lojas Renner, que também tem as bandeiras Camicado e Youcom em seu portfólio, ainda está finalizando o orçamento para 2017, que deve trazer os investimentos e expectativa de abertura de lojas para o período.

De acordo com Gomes, o plano deve ser votado pelo conselho de administração em janeiro, mas ele afirmou que empresa tem expectativa de abertura de quatro lojas no Uruguai em 2017, o que marcará o início da expansão internacional da empresa.

Em maio deste ano, o conselho da varejista aprovou a revisão do número de lojas previstas para a Renner no Brasil até 2021 para 450 unidades ante 408 na estimativa inicial. Assim, nos próximos cinco anos, a companhia precisa abrir, em média, cerca de 30 lojas por ano para cumprir a meta - ritmo superior a 2014, 2015 e 2016.

O executivo ponderou que os últimos dois anos foram difíceis, com ritmo de atividade econômica baixo, resultados negativos no PIB, mas que a empresa também tem aproveitado para revisar processos e eficiência operacional, o que tem se refletido nos resultados.

"Embora em um cenário mais difícil, a rentabilidade da companhia aumentou, a geração de caixa está também crescendo, reduzimos o endividamento, estamos com caixa sólido", afirmou.

Nos nove meses até setembro, o fluxo de caixa livre foi de 360,8 milhões de reais, salto de mais de 250 por cento na base anual. No mesmo período, as vendas em mesmas lojas ficaram praticamente estáveis, com variação positiva de 0,1 por cento em relação aos primeiros nove meses de 2015.

Para analistas do Goldman Sachs, a Lojas Renner oferece uma história de crescimento estrutural convincente e citam que os investimentos implacáveis por trás de sua cadeia de suprimentos, merchandising e logística estão conduzindo vantagem competitiva relevante em um mercado fragmentado.

SETOR

O quadro da Lojas Renner de manter o plano de expansão apesar da crise econômica contrasta com a estratégia de outras concorrentes da companhia.

A Riachuelo, do grupo Guararapes, fechará 2016 com inauguração de seis lojas, redução drástica em relação às 28 abertas em 2015 (ano recorde de investimento devido ao novo centro de distribuição automatizado de Guarulhos) e 45 unidades no ano anterior.

"Momentaneamente, como é prudente, estamos revendo nosso agressivo plano de expansão, de duplicar em cinco anos", disse o presidente-executivo da companhia, Flávio Rocha, na teleconferência do resultado do terceiro trimestre realizada no começo de novembro.

"No ano que vem, ainda com foco no caixa e em diminuir o endividamento, pelo conservadorismo da empresa, estão ganhando competitividade em nossas reuniões de investimento os investimentos em reformas", disse Rocha na ocasião, afirmando que 2017 terá mais reformas que inaugurações.

Na mesma linha, executivos da Marisa afirmaram na teleconferência de resultados da companhia no final de outubro que estavam perseguindo "com absoluta determinação e obstinação" o rígido controle de despesas da companhia, bem como focando bastante na geração de capital, na gestão do capital de giro.

A varejista vem tendo fechamento líquido de lojas, com o número de estabelecimentos no final de setembro somando 398 unidades, contra 409 lojas no final de 2015 e 416 lojas em 2014. Os aportes para tal fim caíram drasticamente, de 37,8 milhões de reais em 2014, para 5,2 milhões de reais no ano seguinte e para 1,6 milhão nos primeiros nove meses deste ano.