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Delegação comercial cubana visita EUA enquanto Trump reavalia laços

25/01/2017 17h21

Por Marc Frank

HAVANA (Reuters) - Uma delegação de comércio cubana chegou aos Estados Unidos nesta semana para visitar quatro Estados e seis portos, mesmo com o governo de Donald Trump avaliando o que fazer com uma frágil reaproximação iniciada por seu antecessor.

Trump ameaça anular a iniciativa de normalizar as relações entre Washington e Havana, uma das medidas de política externa mais marcantes do governo de Barack Obama, se não conseguir “um acordo melhor”.

Autoridades portuárias da costa sul norte-americana defendem um aumento das viagens e do comércio com Cuba, e algumas manifestaram interesse em usar o porto de Mariel, na costa noroeste da ilha caribenha, como um centro de transbordo.

"Estamos esperançosos que quando o governo Trump conduzir uma revisão completa da política EUA-Cuba, eles irão ver como a maior cooperação entre nossos terminais portuários e o Porto de Mariel seria muito benéfica para as indústrias exportadoras norte-americanas, os portos dos EUA com acesso às rotas de navegação de Mariel e poderia criar empregos pelo país”, disse James Williams, presidente da coalizão Engage Cuba, que ajudou a organizar a viagem.

Representantes dos portos de Houston, Nova Orleans, Norfolk, Virgínia, de Port Everglades, Palm Beach e Tampa, na Flórida, já visitaram Mariel.

"Para Estados com instalações portuárias, há interesse político e comercial substancial”, afirmou John Kavulich, presidente o Conselho Econômico e Comercial EUA-Cuba.

"Portos estão sob a autoridade dos estados, condados e cidades, o que significa governadores e prefeitos buscando valorizar as suas respectivas regiões e buscando votos”, declarou Kavulich.

Com o objetivo de reverter mais de 50 anos de esforços norte-americanos para obrigar, via o isolamento, mudanças em Cuba, Obama acertou com o presidente cubano, Raúl Castro, em dezembro de 2014, trabalhar para normalizar as relações. Desde então, os dois países retomaram relações diplomáticas e assinaram vários acordos de cooperação.

Obama, um democrata, usou decretos presidenciai para driblar o longo embargo comercial norte-americano e aliviar restrições para viagens e negócios. O embargo só pode ser suspenso pelo Congresso, controlado pelos republicanos.

Trump, que pode reverter os decretos de Obama, ameaçou terminar com a reaproximação se Cuba não fizer mais concessões, embora o novo presidente republicano não tenha especificado que concessões seriam essas.

(Reportagem de Marc Frank)