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Planos de Trump e grandes safras sul-americanas podem afetar exportações dos EUA

01/02/2017 19h43

Por Mark Weinraub

CHICAGO (Reuters) - Produtores e operadores de grãos dos Estados Unidos podem acabar ficando com um volume maior do que o esperado em seus estoques, uma vez que incertezas sobre as políticas comerciais do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçam afetar as exportações do país.

Somado a preocupações sobre o comércio na gestão Trump, as exportações dos EUA deverão enfrentar dura competição da Argentina e do Brasil, grandes fornecedores com previsões para grandes safras.

"A incerteza deu o tom no mês", disse o corretor da LakeFront Futures and Options em Chicago, Jon Marcus. "Tudo vai depender de todos esses jogos políticos de xadrez. Todas essas coisas assustaram mesmo o mercado."

Neste ano, qualquer redução abaixo das atuais projeções de exportações do governo dos EUA poderiam colocar pressão para um ambiente de preços já baixista.

Desde que Trump retirou os EUA do acordo Transpacífico e aumentou as perspectivas para a renegociação do Nafta, os futuros da soja caíram 3,3 por cento e os futuros do milho caíram 2 por cento.

Uma alta nas exportações geralmente ocorre após grandes colheitas nos EUA, e os embarques frequentemente reduzem os estoques finais abaixo das estimativas divulgadas pelo governo no início do ano.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) já projeta que um recorde de 2,05 bilhões de bushels de soja serão exportados, assim como cerca de 2,225 bilhões de bushels de milho.

COMPETIÇÃO CRESCENDO

Mas, com grandes safras também no horizonte na América do Sul, produtores na Argentina e no Brasil esperam que compradores estrangeiros consumam seus excedentes.

O governo do Brasil informou nesta quarta-feira que as exportações de soja em janeiro totalizaram 912 mil toneladas, ante 394 mil toneladas há um ano.

As exportações de milho do Brasil durante o mês caíram para 1,45 milhão de toneladas, ante 4,4 milhões de toneladas, mas deverão crescer assim que a nova safra for colhida.

"O Brasil tem conhecidas limitações em capacidade de armazenamento", disse Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove, que representa das indústrias e soja do país.

"O Brasil tende a vender seu excedente no exterior, o quanto for possível. O custo para manter estoques é alto, devido às altas taxas de juros e altos custos operacionais."

Produtores argentinos veem o preço como uma vantagem crucial de suas safras, mesmo com uma taxa de exportação de 30 por cento sobre a soja, disse Santiago del Solar, que cultiva milhares de hectares de soja, milho e trigo na província argentina de Buenos Aires.

"Exportamos todo o excedente", disse ele. "Somos muito competitivos e nossa principal barreira ainda não vem de fora, é auto-infligida."

(Por Mark Weinraub; reportagem adicional de Gustavo Bonato e Hugh Bronstein)