Topo

Ex-premiê socialista Valls declara voto em Macron na eleição presidencial francesa

29/03/2017 09h16

Por Michel Rose e Sudip Kar-Gupta

PARIS (Reuters) - O ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls disse nesta quarta-feira que irá votar em Emmanuel Macron na eleição presidencial, se tornando o maior nome do Partido Socialista a dar as costas ao candidato da legenda e preferir o concorrente independente de centro.

Valls disse querer fazer tudo que puder para que a líder de extrema-direita Marine Le Pen, segunda colocada nas pesquisas de opinião, não chegue ao poder.

"Não vou correr nenhum risco", disse Valls à BFM TV. "Irei votar em Emmanuel Macron."

As sondagens mostram Macron conquistando a Presidência no segundo turno de 7 de maio, no qual deve enfrentar Le Pen, e o socialista Benoît Hamon ficando em um humilhante quinto lugar no primeiro turno de 23 de abril.

Valls disse que sua escolha não significa que irá fazer campanha para Macron, ex-ministro de 39 anos do governo do presidente francês, François Hollande, que se demitiu no ano passado para preparar sua candidatura presidencial com seu próprio movimento En Marche!

Valls, que perdeu a primária socialista para o radical Hamon, é visto por fontes e especialistas políticos como alguém que provavelmente irá se recolher aos bastidores e tentar constituir uma força parlamentar reformista que se distinguiria do En Marche!, mas que poderia ter voz em sua maioria parlamentar se Macron se tornar presidente.

"Não tenho nada para negociar e não estou pedindo nada, não estou me unindo a seu campo", afirmou Valls.

Macron não demorou a dizer que, embora agradeça o apoio, não planeja incluir o ex-premiê em seu governo.

"Serei o fiador de novos rostos, novas maneiras de fazer as coisas", disse ele na rádio Europe 1 Radio.

A notícia chegou um dia depois de a campanha do candidato François Fillon, terceiro colocado nas pesquisas, sofrer mais um revés: sua esposa, Penelope, tornou-se alvo de uma investigação formal de uso irregular de fundos públicos devido a alegações de que trabalhou pouco pelo salário que recebeu como assistente parlamentar.

Penelope, de 61 anos, não fez nenhum comentário na terça-feira. Em uma entrevista concedida a um jornal neste mês, ela disse ter trabalho de verdade para o marido. O próprio Fillon, que passou a ser investigado na semana passada, vem negando qualquer má conduta insistentemente. 

Para os socialistas, a decisão de Valls vem de um homem que representa a guinada à direita de Hollande, no meio de seu mandato de cinco anos, em favor de reformas benéficas ao empresariado, algo que frustrou a esquerda e alienou os eleitores tradicionais do partido.