ONU decide encerrar missão de paz no Haiti e substituir por presença policial
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) votou por unanimidade nesta quinta-feira (13) para encerrar a missão de paz de 13 anos no Haiti e substituí-la por uma força policial, que será retirada de ação depois de dois anos enquanto o país intensifica sua própria força de segurança.
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), uma das mais duradouras do mundo e que tem comando militar do Brasil, foi assolada por polêmicas, entre elas a introdução do cólera na ilha e acusações de abuso sexual.
O Conselho de 15 membros reconheceu a realização da eleição presidencial haitiana e a posse de seu novo presidente como um "grande marco rumo à estabilização" da nação caribenha.
"O que precisamos agora é uma missão reconfigurada que se concentre no império da lei e nos direitos humanos no Haiti", disse o embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft.
"As tropas pacificadoras fazem um trabalho fantástico, mas são muito caras e deveriam ser usadas só quando necessário", disse Rycroft. "Apoiamos com entusiasmo que esta missão seja encerrada e se transforme em outra coisa. E acho que veremos a mesma coisa em todo lugar".
O fim da missão militar de 346 milhões de dólares, recomendado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, acontece no momento em que os Estados Unidos estudam maneiras de reduzir sua contribuição às missões de paz da entidade. Washington é seu maior colaborador, pagando 28,5 por cento do orçamento total.
Existem 2.342 soldados da ONU no Haiti, que irão se retirar ao longo dos próximos seis meses. A nova missão será estabelecida inicialmente por mais seis meses, de 16 de outubro de 2017 a 15 de abril de 2018, e deve se retirar dois anos depois de seu estabelecimento.
As tropas pacificadoras da ONU foram enviadas ao Haiti em 2004, quando uma rebelião levou à saída e ao exílio do então presidente Jean-Bertrand Aristide, e compõem a única missão de paz da ONU nas Américas.
O Haiti sofreu uma crise política de dois anos até a recente eleição e posse do presidente Jovenel Moise. O país passou por grandes desastres naturais, como um terremoto em 2010 e o furacão Matthew no ano passado, mas não tem um conflito armado há anos.
A ONU não aceita a responsabilidade pelo surto de cólera desencadeado quando soldados lançaram esgoto infectado em um rio. Cerca de 9.300 pessoas morreram e mais de 800 mil adoeceram.
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