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Em desafio à pressão internacional, Coreia do Norte testa novo míssil

29/04/2017 14h13

Por Jack Kim e Ju-min Park

SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte testou neste sábado um míssil balístico pouco depois de o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter alertado que, se o país não paralisar o seu programa nuclear, poderá sofrer “consequências catastróficas”.

    Autoridades dos EUA e da Coreia do Sul disseram que o teste aparentemente falhou, no que seria o quarto fracasso dos norte-coreanos em testes de mísseis desde março.

    O teste foi realizado no momento em que o porta-aviões USS Carl Vinson e a armada que o acompanha chegaram à península das Coreias, onde iniciaram exercícios militares com o Sul no sábado, cerca de 12 horas após o teste do Norte, informou uma autoridade da marinha sul-coreana.

    Tillerson disse na sexta-feira que todas as possibilidades estão sendo analisadas para o caso, inclusive uma ação militar.

    “A ameaça de um ataque nuclear contra Seul ou Tóquio é real, então é só questão de tempo antes de a Coreia do Norte desenvolver capacidade para atacar os EUA”, afirmou Tillerson. “Se relutarmos quanto ao assunto mais importante em termos de segurança no mundo, as consequências podem ser catastróficas.”

    O presidente norte-americano, Donald Trump, escolheu a retórica de afirmar que o teste é um desrespeito à China,aliada de Pyongyang.

    “A Coreia do Norte desrespeitou a China e seu respeitável presidente ao lançar, sem sucesso, um míssil hoje mesmo. Ruim!”, disse o presidente pelo Twitter.

    O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, adotou um tom diplomático: “A chave para resolver o tema nuclear na península não está nas mãos da China”, afirmou. A agência de notícias oficial da China, Xinhua, usou vocabulário conciliatório, pedindo para que os dois lados cedam.

    A Coreia do Norte vem realizando testes como nunca antes, e especialistas acreditam que o país evoluiu no desenvolvimento de mísseis de médio alcance e disparados por submarinos.

    JAPÃO PROTESTA

    O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, classificou o teste como uma grave ameaça à ordem internacional.

    “Exortei a Rússia e participar construtivamente das negociações com a Coreia do Norte. O Japão está observando como a China agirá em relação a eles também”, disse.

    De acordo com fontes nos EUA, o míssil testado provavelmente era um KN-17, de médio alcance, mas que aparentemente falhou minutos após decolar.

    O Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte disse ao jornal oficial Rodong Sinmun que o destacamento da armada com o porta-aviões é uma “atitude temerária de maníacos por guerra com o objetivo de criar um conflito nuclear muito perigoso”.

    Kim Dong-yub, especialista do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Universidade Kyungnam, em Seul, afirmou que a Coreia do Norte pode não ter obtido os dados que desejava com o lançamento e destruiu o míssil para não causar a ira da China, que tinha pedido a Pyongyang para evitar provocações.

    O favorito a vencer a eleição presidencial sul-coreana de 9 de maio, Moon Jae-in, chamou o teste de “um exercício de futilidade”.

    “Pedimos ao regime de Kim Jong Um que pare imediatamente com os atos provocativos irresponsáveis e escolha o caminho da cooperação com a comunidade internacional”, disse Park Kwang-on, porta-voz de Moon, que defende uma política mais moderada com os vizinhos do norte.