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Protestos, disputas políticas e diferenças entre líderes: bem-vindos à cúpula do G20 em Hamburgo

29/06/2017 15h03

Por Noah Barkin

HAMBURGO (Reuters) - Cúpulas de líderes mundiais normalmente são ocasiões rigorosamente coreografadas que deixam pouco espaço para o acaso.

São realizadas em locais blindados contra manifestantes, e as diferenças de políticas são atenuadas por enviados atrás de portas fechadas com grande antecedência.

Mas a reunião do G20 em Hamburgo na semana que vem será diferente.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez uma aposta de alto risco ao decidir realizar a cúpula no centro da cidade portuária do norte alemão, em parte para mostrar ao mundo que grandes protestos são tolerados em uma democracia saudável -- mas criando grandes desafios para a polícia.

No fronte político, a líder do país anfitrião está determinada a não ceder terreno ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na mudança climática, no comércio e na imigração, possivelmente preparando o cenário de um embate público incomum.

"Com toda honestidade, é difícil saber o que irá acontecer em Hamburgo", disse um funcionário alemão de alto escalão envolvido nos preparativos e que não quis ser identificado. "Não será uma cúpula de grande união, isso é certo".

"A maior preocupação é a segurança", disse. "Se tivermos outra Gênova, será um fracasso", acrescentou, referindo-se ao encontro do G8 de 2001 na Itália no qual manifestantes tiveram confrontos violentos com a polícia. Uma pessoa foi morta a tiros e centenas ficaram feridas.

As apostas da cúpula dos dias 7 e 8 de julho são altas para Merkel, que está no meio de uma campanha para uma eleição nacional e não pode se dar ao luxo de criar ensejo para imagens de caos e desarmonia.

As relações da chanceler com três dos participantes mais destacados --Trump, o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder turco, Tayyip Erdogan-- estão tensas.

Trump e Putin irão se encontrar pessoalmente pela primeira vez, um encontro que será intensamente acompanhado e que pode eclipsar toda a reunião.

Merkel escolheu Hamburgo, cidade onde nasceu, para enviar uma mensagem de abertura. Foram os clubes noturnos de Hamburgo que ajudaram a lançar a carreira dos Beatles, e a cidade é um dos maiores polos comerciais da Europa.

Antes da cúpula, o governo alemão procurou ressaltar o fato de que os manifestantes terão oportunidade de expressar sua oposição ao evento. A mensagem a líderes como Trump, Putin e Erdogan é clara: a tolerância com a discordância pública é um pilar de uma democracia aberta e confiante.

Cerca de 20 mil policiais com cães, cavalos e helicópteros e 7,8 quilômetros de barreiras de aço serão usados.

Autoridades de segurança disseram que até 8 mil manifestantes serão anarquistas e radicais de esquerda cujo objetivo principal é perturbar o encontro. Eles planejaram um protesto para a véspera do G20 que apelidaram de "Bem-Vindos ao Inferno".

O presidente Michel Temer, que enfrenta grave crise política causada pela denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desistiu de comparecer à cúpula do G20.

(Reportagem adicional de Tom Sabine Siebold, Andreas Rinke e Roberta Rampton)