Unesco declara santuário de Hebron patrimônio palestino; Israel retira fundos da ONU
Por Ori Lewis
JERUSALÉM (Reuters) - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou um antigo santuário da Cisjordânia ocupada um patrimônio palestino nesta sexta-feira, levando Israel a reduzir ainda mais seu financiamento à ONU.
A Unesco designou Hebron e os dois santuários adjacentes em seu cerne --a judia Tumba dos Patriarcas e a muçulmana Mesquita de Ibrahimi-– um "Patrimônio Mundial Palestino Ameaçado".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou a medida como "outra decisão delirante da Unesco" e ordenou que 1 milhão de dólares sejam desviados do financiamento de seu país à ONU para a criação de um museu e outros projetos que contemplam a herança judaica em Hebron.
O corte de fundos é o quarto de Israel no último ano. A contribuição do país à ONU foi de 11 milhões de dólares para só 1,7 milhão, disse uma autoridade israelense. Cada corte ocorreu depois de vários organismos da entidade votarem pela adoção de decisões que o Estado judeu viu como discriminatórias.
O ministro das Relações Exteriores palestino, Reyad Al-Maliki, disse que a votação da Unesco em Cracóvia, na Polônia, foi uma prova da "batalha diplomática bem-sucedida que a Palestina lançou em várias frentes diante da pressão israelense e americana sobre países-membros (da Unesco)".
Hebron é a maior cidade palestina na Cisjordânia e tem uma população de 200 mil habitantes. Cerca de mil colonos israelenses moram no centro da cidade e há anos a localidade é palco de atritos religiosos entre muçulmanos e judeus.
Os judeus acreditam que a Caverna dos Patriarcas é onde Abraão, Isaac e Jacó e suas esposas estão enterrados. Os muçulmanos, que assim como os cristão também reverenciam Abraão, construíram a Mesquita de Ibrahimi, também conhecida como Santuário de Abraão, no século 14.
O significado religioso da localidade o tornou um foco de colonos, que estão determinados a expandir a presença judaica no local. Como vivem no centro, exigem segurança intensa, e cerca de 800 soldados israelenses os protegem.
(Reportagem adicional de Ali Sawafta in Ramallah and Nidal al-Mughrabi em Gaza)
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