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Israel ataca instalação na Síria supostamente ligada a armas químicas

07/09/2017 22h17

Por Sarah Dadouch e Jeffrey Heller

BEIRUTE/JERUSALÉM (Reuters) - Israel atacou uma instalação militar na província síria de Hama na quinta-feira, informou o Exército sírio, e um grupo monitoramento da guerra disse que o alvo pode ter ligação com a produção de armas químicas.

O ataque aéreo matou dois soldados e causou danos nas proximidades da cidade de Masyaf, segundo comunicado do Exército sírio. O Exército alertou sobre as “perigosas repercussões desta ação agressiva à segurança e estabilidade de região”.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora a guerra, informou que o ataque foi contra uma instalação dos Estudos Científicos e Centro de Pesquisa, uma agência que os Estados Unidos descrevem como fabricante de armas químicas da Síria.

O ataque foi realizado na manhã após investigadores da Organização das Nações Unidas informarem que o governo sírio foi responsável por um ataque com o gás venenoso sarin em abril.

O governo sírio nega uso de armas químicas. Em 2013, o governo prometeu entregar suas armas químicas, o que diz ter sido feito.

    O Observatório informou que ataques aéreos também atingiram um acampamento militar próximo ao centro que era usado para armazenar foguetes e onde iranianos e membros do grupo libanês aliado Hezbollah foram vistos mais de uma vez.

Uma porta-voz do Exército israelense se negou a discutir sobre reportagens de um ataque aéreo na Síria.

O Ministério das Relações Exteriores da Síria enviou cartas ao Conselho de Segurança da ONU protestando contra a “agressão” de Israel e dizendo que qualquer um que ataque as instalações militares sírias apoia o terrorismo, noticiou a TV estatal síria.

Em uma entrevista ao jornal israelense Haaretz no mês passado sobre sua aposentadoria, o ex-chefe da Força Aérea de Israel Amir Eshel disse que Israel havia atingido comboios de armas do Exército sírio e seus aliados do Hezbollah quase 100 vezes nos últimos cinco anos.

    O ataque desta quinta-feira aconteceu no 10º aniversário da destruição de um reator nuclear na Síria por Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve discursar na Assembleia Geral da ONU em 19 de setembro e é amplamente esperado que expresse a preocupação de Israel sobre o que vê como uma tentativa do Irã de ampliar seu suas bases de operações militares na Síria e ameaças apresentadas pelo Hezbollah.

Autoridades israelenses disseram que a Rússia, outra aliada do presidente sírio, Bashar al-Assad, e Israel mantêm contatos regulares para coordenar ações militares na Síria.

Alguns comentaristas israelenses viram o última ataque, que se afastou do padrão anterior de ataques contra comboios de armas - como uma demonstração de insatisfação israelense com os Estados Unidos e a Rússia.