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Turquia ameaça fechar oleoduto de área curda do Iraque devido a referendo

25/09/2017 12h47

Por Umit Bektas e Ece Toksabay

HABUR, Turquia (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, alertou nesta segunda-feira que seu país pode fechar o oleoduto que leva petróleo do norte do Iraque para o exterior, aumentando a pressão contra a região autônoma curda em reação a seu referendo de independência.

Erdogan se pronunciou pouco depois de o primeiro-ministro turco, Binali Yildirum, dizer que Ancara pode adotar medidas punitivas contra o Governo Regional do Curdistão envolvendo fronteiras e espaço aéreo por causa do referendo e que não reconhecerá seu resultado.

A votação ocorria nesta segunda-feira, apesar da forte oposição do governo central do Iraque e dos vizinhos Turquia e Irã --ambos países com populações curdas consideráveis--, além de alertas ocidentais de que a medida pode agravar a instabilidade no Oriente Médio.

Erdogan, que vem enfrentando uma insurgência curda já antiga no sudeste turco, que faz divisa com o norte iraquiano, disse que o referendo "separatista" é inaceitável e que contramedidas econômicas, comerciais e de segurança serão adotadas.

Ele não chegou a afirmar claramente que a Turquia tinha decidido interromper o fluxo de petróleo. Centenas de milhares de barris passam diariamente pelo oleoduto, transportando a commodity do norte do Iraque para o território turco, mas deixou claro que a opção está sendo cogitada.

"Depois disto, vamos ver por meio de quais canais o governo regional do norte iraquiano enviará seu petróleo, ou para onde o enviará", disse em um discurso. "Temos a torneira. No momento em que fecharmos a torneira, é assunto encerrado."

Yildirim disse que Ancara decidirá as medidas punitivas contra o Governo Regional do Curdistão depois de conversar com Bagdá.

"Nossos ministros de Energia, Interior e Alfândega estão trabalhando (nas medidas). Estamos avaliando medidas relativas aos pontos de passagem de fronteira e ao espaço aéreo. Adotaremos estas medidas rapidamente", afirmou o premiê a emissoras turcas.

Os Estados Unidos e outras potências ocidentais também exortaram as autoridades do governo do Curdistão a cancelarem o plebiscito, argumentando que ele desviaria o foco da luta contra o Estado Islâmico.

As ações da empresa aérea Turkish Airlines, que tem voos diretos para o norte do Iraque, caíram mais de 6 por cento, ajudando na queda de 1,8 por cento do índice BIST 100. A lira turca também enfraqueceu.

(Reportagem adicional de Tulay Karadeniz em Ancara e Ezgi Erkoyun em Istambul)