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Governo manobra para tentar forçar presença da oposição em sessão para votar denúncia contra Temer

25/10/2017 14h18

Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O governo apresentou nesta quarta-feira um requerimento para adiar a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer e dois ministros, manobra que busca forçar os deputados da oposição a marcarem presença na sessão.

A estratégia da oposição prevê que seus deputados não marcassem presença no plenário, o que poderia levar ao adiamento da votação da denúncia. A análise da acusação pelos parlamentares só pode começar com 342 presenças registradas no painel.

Os oposicionistas vêm tendo até agora sucesso em impedir que o quórum para votação da denúncia seja atingida, mas diante do requerimento apresentado pelo líder da maioria, Lelo Coimbra (PMDB-ES), deputados da oposição se viram entre a cruz e a espada: se não participarem dessa votação proposta pela base, ganham falta e podem ter descontos em seus salários.

Por outro lado, se registrarem presença, acabam engrossando o quórum e ajudam o governo a encerrar o incômodo assunto mais rápido.

O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), criticou a apresentação do requerimento.

"É uma manobra para tentar dar o quórum de qualquer maneira. Eles estão inclusive oferecendo cargos e emendas para os que vão votar contra, desde que dêem presença", acusou.

O petista disse que a oposição vai manter a estratégia de não dar quórum na sessão.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) também destacou que o governo tem enfrentado "enorme dificuldade" para dar quórum em plenário.

"Nós, da oposição, vamos seguir mobilizados para empurrar a sessão até a noite, de forma que a votação ocorra quando a população brasileira estiver em casa, vendo como cada deputado vai votar", disse.

"Voltaremos a nos reunir daqui a pouco para definir os próximos passos”, afirmou.

A primeira acusação contra Temer, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara com 263 votos. Os deputados votam nesta quarta o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pela rejeição da segunda acusação, por obstrução de Justiça e organização criminosa.