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Eufóricos zimbabuanos celebram esperada queda de Mugabe

18/11/2017 10h25

HARARE (Reuters) - Dezenas de milhares de zimbabuanos inundaram as ruas de Harare neste sábado cantando, dançando e abraçando soldados em uma forte demonstração de euforia pela esperada queda do presidente Robert Mugabe, seu líder nos últimos 37 anos.

Mugabe, o único governante que o Zimbábue conheceu desde a sua independência do Reino Unido em 1980, se fechou em seu luxuoso complexo "Blue Roof", de onde viu desaparecer o apoio de seu partido Zanu-PF, dos serviços de segurança e do povo em menos de três dias.

Nas ruas da capital, os zimbabuanos mostraram sua emoção ao falar sobre mudanças políticas e econômicas após duas décadas de repressão e dificuldades crescentes.

"Estas são lágrimas de alegria", disse Frank Mutsindikwa, 34, à Reuters, segurando a bandeira do Zimbábue. "Estive esperando por esse dia por toda a minha vida. Livres enfim".

Alguns balançavam bandeiras com os dizeres "Não à dinastia Mugabe", levantando os punhos num sinal de liberdade. Outros abraçavam os soldados que tomaram o poder, gritando "Obrigado! Obrigado!", em cenas impensáveis mesmo uma semana atrás.

"Estes são os nossos líderes agora", disse Remember Moffat, de 22 anos, com uma imagem do comandante do exército, Constantino Chiwenga, e de Emmerson Mnangagwa, o ex-vice-presidente, cuja demissão neste mês precipitou a intervenção militar.

"Meu sonho é ver um novo Zimbábue, em toda a minha vida eu só conheci esse tirano chamado Mugabe".

Para alguns africanos, Mugabe continua a ser um herói nacionalista, o último líder da independência do continente e um símbolo da luta para eliminar o legado de subjugação colonial.

Para muitos mais -- no país e no exterior -- ele é lembrado como um ditador feliz em recorrer à violência para se manter no poder, levando à lona uma economia outrora promissora.

Fontes políticas e documentos de inteligência vistos pela Reuters apontam que a saída de Mugabe provavelmente abrirá o caminho para um governo de unidade provisório liderado por Mnangagwa, assessor de longa data de Mugabe e ex-chefe de segurança conhecido como "O Crocodilo".

(Por Joe Brock e MacDonald Dzirutwe)