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Oposição de Honduras surpreende e assume liderança em eleição presidencial

27/11/2017 08h24

Por Gabriel Stargardter e Gustavo Palencia

TEGUCIGALPA (Reuters) - Uma coalizão de esquerda e direita liderada por um apresentador de televisão assumiu uma liderança inesperada na eleição presidencial de Honduras, mostraram resultados iniciais nesta segunda-feira, contrariando as previsões de que o atual presidente, um aliado dos Estados Unidos duro no combate ao crime, venceria com tranquilidade.

Com 57 por cento das urnas apuradas, Salvador Nasralla tinha 45 por cento dos votos, uma dianteira de quase 5 pontos, apontaram os primeiros resultados a serem divulgados, quase 10 horas após o encerramento da votação.

"Eu sou o novo presidente eleito de Honduras", escreveu Nasralla, de 64 anos, no Twitter depois do anúncio dos números.

Nasralla, que lidera a Aliança de Oposição contra a Ditadura, recebeu 45,17 por cento dos votos, enquanto o ocupante do cargo, Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, ficou com 40,21 por cento das preferências, de acordo com o Tribunal Eleitoral do país.

Uma vitória de Nasralla seria um choque para os EUA, que veem Hernández como um aliado confiável na luta contra o tráfico de drogas, as gangues e a imigração. Washington tem laços militares antigos com Honduras e poucos aliados ideológicos entre os atuais presidentes de nações da América Central.

A tentativa de Hernández de conquistar um segundo mandato provocou divisões no país. Honduras ainda luta para se recuperar dos efeitos de um golpe de Estado de 2009 ocorrido depois que o ex-presidente Manuel Zelaya, aliado do falecido líder venezuelano Hugo Chávez, propôs um referendo sobre a eliminação do limite de mandatos.

Zelaya estava ao lado de Nasralla na manhã desta segunda-feira. Como coordenador e, segundo muitos, verdadeiro chefe da Aliança de Oposição, Zelaya será um dos maiores beneficiados se Nasralla vencer.

Zelaya foi afastado devido aos temores de que tramava para adotar políticas socialistas em Honduras, onde uma classe empresarial conservadora detém enorme poder. Os EUA mostraram dificuldade em lidar com o golpe, e Zelaya continua assombrando autoridades norte-americanas e muitos da elite hondurenha.

As pesquisas, incluindo uma divulgada após o fim da votação no domingo, vinham mostrando que Hernández conquistaria com facilidade um segundo mandato, possibilitado por uma decisão polêmica da Suprema Corte em 2015.