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Maia diz que Previdência ainda está distante dos votos necessários, mas base agora está organizada

04/12/2017 19h22

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira que o governo ainda está distante de ter os votos necessários para a aprovação da reforma da Previdência, mas que agora a base aliada está organizada.

"Continuamos com uma distância enorme (para os votos necessários), só que agora você tem presidente de partido comprometido, líder de partido comprometido, partidos que vão fechar questão e já declararam", disse Maia a jornalistas após evento no Rio de Janeiro.

"A gente está muito distante porque essa questão de conta de voto é besteira e o que a gente precisa é organizar a base. Agora está organizada e vamos contar voto", acrescentou.

Mais cedo, em São Paulo, o presidente da Câmara disse que tinha mudado sua visão em relação às chances da reforma da Previdência e criticou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, por declarações à Folha de S.Paulo devido ao papel do PSDB na aprovação da proposta.

"Otimista não dá ainda para ser otimista. No sábado eu estava pessimista, com a reunião de domingo agora eu estou realista. Acho que a gente tem um caminho", disse.

Nos dois locais, Maia foi questionado sobre a entrevista dada por Meirelles afirmando que o governo terá um candidato à Presidência no ano que vem, mas que ele não será o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, favorito para ser o candidato do PSDB ao Planalto. [nL1N1O40BF]

"Com todo respeito ao ministro Henrique Meirelles, eu acho que esse embate neste momento não colabora, atrapalha. O PSDB é um partido importante, nos ajuda, votou conosco as reformas mais importantes que nós votamos desde que eu assumi a presidência da Câmara", disse Maia em São Paulo. "Sem o PSDB, nós não temos nenhuma condição de aprovar a reforma da Previdência."

No Rio, o presidente da Câmara voltou a criticar as declarações de Meirelles.

"Acho que a entrevista foi no momento inadequado e ele deveria focar na reforma da Previdência", disse Maia. "Acho que tratar de política nesse momento sem ser um ator político natural gera mais insegurança no processo para muitos deputados do que segurança."

Maia pediu para se "deixar a eleição para o processo eleitoral que está muito longe ainda", praticamente repetindo o que havia dito na capital paulista.

"Vamos deixar a eleição para 2018. Está muito longe a eleição de 2018. A crise brasileira é muito profunda e qualquer tentativa de tratar de eleição neste momento, acho que atrapalha mais do que ajuda", defendeu.

Maia, que na noite da véspera se reuniu com o presidente Michel Temer, com ministros e com líderes e presidentes de partidos da base aliada, disse que a ideia é garantir em torno de 330 votos favoráveis à reforma para então levá-la ao plenário da Casa.

Para aprovar a medida na Câmara e encaminhá-la ao Senado, é necessário o apoio de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votações na Casa.

"Não é a última chance (de votar a Previdência). É a última chance neste ano, votar na próxima semana se a gente conseguir os números. Mas não é a última tentativa, porque esse tema vai entrar a qualquer momento", avaliou.

Maia também voltou a afirmar que pretende disputar a reeleição para deputado federal pelo Rio de Janeiro e disse não ter base eleitoral para tentar a disputa do governo de seu Estado, nem a Presidência da República.

(Reportagem de Natália Scalzaretto, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)