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Coreia do Norte levanta milhões de dólares em moedas virtuais com ataques cibernéticos

Getty Images/iStockphoto/Todor Tsvetkov
Imagem: Getty Images/iStockphoto/Todor Tsvetkov

Jeremy Wagstaff e Josh Smith

Em Cingapura e em Seul

19/12/2017 18h17

Uma série de recentes ataques cibernéticos rendeu milhões de dólares norte-americanos em moedas virtuais, como o bitcoin, para hackers da Coreia do Norte e mais ataques são esperados à medida que as sanções internacionais levam o país a buscar novas fontes de recursos, disseram pesquisadores.

Os hackers apoiados pelo governo da Coreia do Norte foram responsabilizados por um crescente número de ataques cibernéticos, incluindo o chamado ataque WannaCry que paralisou hospitais, bancos e outras empresas em todo o mundo este ano.

Os analistas afirmam que o crescimento explosivo do valor do bitcoin faz com que a moeda virtual e outras criptomoedas sejam alvo atraente para a Coreia do Norte, que está cada vez mais isolada sob as sanções internacionais impostas por causa de seus programas de armas nucleares e de mísseis.

O bitcoin era negociado nesta terça-feira por cerca US$ 18.211 dólares, ante menos de US$ 1.000 dólares no início de 2017, de acordo com a Coinmarketcap.com.

Os pesquisadores da Coreia do Sul, que hospedam algumas das mais movimentadas bolsas de moedas virtuais do mundo e que respondem por 15 a 25% das transações mundiais de bitcoins em qualquer dia, disseram que os ataques neste ano a bolsas como Bithumb, Coinis e Youbit possuem as impressões digitais de hackers da Coreia do Norte.

As descobertas dos pesquisadores não foram verificadas de forma independente.

A Coreia do Norte rejeitou as acusações de que esteja envolvida nos ataques cibernéticos.

Representantes da Bithumb e Coinis recusaram-se a comentar.

Um porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que lidera os assuntos da Coreia do Norte, disse na segunda-feira que o governo estava considerando "contramedidas", incluindo mais sanções, sobre os ataques cibernéticos.

Na segunda-feira, uma porta-voz da Youbit disse à Reuters que a empresa não havia sido alvo de hackers norte-coreanos e, na terça-feira, a empresa anunciou que sofreu outro ataque cibernético que custou 17% dos seus ativos, forçando a bolsa a interromper as operações e declarar falência.

Os hackers por trás do segundo ataque não foram identificados, mas um pesquisador de segurança cibernética, que disse que não estar autorizado a falar sobre o assunto, avaliou que há semelhanças entre o ataque relatado pela bolsa Youbit na terça-feira e o ataque anterior à empresa, que foi vinculado à Coreia do Norte.

O serviço de inteligência da Coreia do Sul informou que cerca de 7,6 bilhões de wons (US$ 7 milhões de dólares) em criptomoedas foram roubadas nos ataques anteriores em múltiplas bolsas, de acordo com o jornal Chosun Ilbo da Coreia do Sul.

Mas esse valor poderia agora valer cerca de 90 bilhões de wons coreanos (US$ 82 milhões de dólares), disse à Reuters Moonbeom Park, pesquisador da Agência de Segurança e Internet da Coreia do Sul.

O código utilizado nos ataques durante o verão foi "praticamente idêntico" aos ataques anteriores conectados à Coreia do Norte, disse o pesquisador.

Cristiana Brafman Kittner, principal analista da empresa de segurança cibernética FireEye, disse que não poderia confirmar se a Coreia do Norte realmente roubou moedas virtuais, mas disse que os hackers ligados ao país tinham mirado "múltiplas bolsas" nos últimos seis a nove meses.

"Nós acreditamos que algumas das atividades criminosas que estamos observando originárias da Coreia do Norte são resultado do regime que busca fontes alternativas de receita", disse ela.

"Os atores da ameaça cibernética da Coreia do Norte apresentam um risco imediato para o setor de serviços financeiros em todo o mundo."