Topo

Ex-presidente da CBF Marin é condenado nos EUA em escândalo de corrupção na Fifa

22/12/2017 18h01

Por Jan Wolfe

(Reuters) - Um júri em Nova York condenou nesta sexta-feira o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin por seis acusações ao considerá-lo culpado por aceitar subornos em troca da concessão de direitos de marketing e mídia de partidas de futebol.

O ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) Juan Ángel Napout também foi condenado após um julgamento que durou cinco semanas, nos primeiros veredictos nas investigações dos Estados Unidos sobre o escândalo de corrupção na Fifa, entidade que controla o futebol mundial.

Ainda não há um veredicto no caso do ex-presidente da federação peruana de futebol Manuel Burga. As acusações contra os três dirigentes foram feitas por promotores dos EUA em 2015 como parte das investigações sobre a Fifa.

Marin foi condenado por crimes de fraude financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele foi inocentado de lavagem de dinheiro no caso da Copa do Brasil.

"Estamos obviamente decepcionados, mas continuaremos buscando justiça para o nosso cliente", disse o advogado de Marin, Charles Stillman, em um email.

Silvia Pinera-Vazquez, advogada de Napout, recusou-se a comentar, exceto para expressar decepção com o veredicto. O advogado de Burga não quis comentar.

Marin, que presidiu a CBF de 2012 a abril de 2015 e foi o presidente do comitê organizador local da Copa do Mundo de 2014, estava entre sete dirigentes da Fifa presos em Zurique em maio de 2015. Ele estava cumprindo prisão domiciliar em Nova York.

Os promotores dos EUA acusaram 42 pessoas e entidades no caso, entre eles o sucessor de Marin na presidência da CBF, Marco Polo Del Nero, que está no Brasil. Na semana passada, ele foi suspenso pela Fifa enquanto é investigado por suposta conduta antiética. A entidade agora está sendo comandada por Antônio Carlos Nunes de Lima, um dos vice-presidentes.

Entre os acusados nos EUA, pelo menos 24 se declararam culpados. Vários destes testemunharam no julgamento, contando que a corrupção foi muito além dos três acusados ​​no tribunal.

Alejandro Burzaco, ex-chefe da empresa argentina de marketing esportivo Torneos y Competencias, disse aos jurados que pagava subornos aos três réus para garantir os direitos de torneios, incluindo a Copa América e a Copa Libertadores. Burzaco se declarou culpado e concordou em cooperar com os procuradores.

Burzaco também disse que a Fox Sports, o Grupo Televisa do México e a brasileira Globo pagaram subornos por direitos de mídia. Fox e Globo negaram essas alegações, e a Televisa recusou-se a comentar imediatamente após o testemunho de Burzaco.

Ele afirmou ainda que o Catar subornou dirigentes da Fifa para ganhar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022.

Santiago Peña, ex-gerente financeiro da empresa argentina de marketing esportivo Full Play, mostrou ao júri uma planilha detalhando o que ele disse serem pagamentos para oito dirigentes da Conmebol, incluindo Napout e Burga.

O julgamento foi marcado por uma tragédia na primeira semana, quando a polícia argentina disse que Jorge Delhon, ex-advogado do programa Fútbol Para Todos, se suicidou depois que Burzaco o nomeou em seu depoimento.

No dia seguinte, a juíza Pamela Chen colocou Burga sob prisão domiciliar depois que promotores disseram que ele ameaçou Burzaco. Ela lançou dúvidas sobre a causa da morte de Delhon, dizendo: "Você pode chamar isso de suicídio. A verdade é que nenhum de nós sabe disso com certeza."

O advogado de Burga, Bruce Udolf, negou que seu cliente tenha ameaçado Burzaco.

(Reportagem adicional de Anthony Lin)