Topo

Prováveis parceiros da Alemanha têm ideias muito diferentes sobre imigração

23/12/2017 14h09

BERLIM (Reuters) - Figuras de liderança dos conservadores de Angela Merkel e Social-Democratas (SPD) delinearam visões diferentes sobre como seu possível governo abordaria a imigração, enquanto parceiros prováveis de uma coalizão da Alemanha se preparam para negociações no ano novo.

A decisão da chanceler Merkel em 2015 de abrir as portas a mais de um milhão de imigrantes, muitos fugindo da guerra no Oriente Médio, transformou a demografia alemã e impulsionou a extrema direita, afetando seu bloco e o SPD nas eleições de setembro.

Em entrevistas separadas, Thomas Strobl, vice-líder do partido União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel e o ministro das Relações Exteriores do SPD, Sigmar Gabriel, sublinharam formas de recuperar apoiadores desencantados.

Strobl disse ao jornal Heilbronner Stimme que a Alemanha deveria reduzir o número de novos imigrantes para 65 mil por ano, nível de 2012, e bem abaixo do limite de 200 mil que os conservadores haviam defendido anteriormente.

Mas Gabriel, cujos membros inquietos do partido não devem aceitar tal medida draconiana, sugeriu que os municípios ao redor da Alemanha e Europa poderiam ser compensados financeiramente caso concordassem em aceitar refugiados.

"Dessa forma os municípios decidiriam eles mesmos quantos refugiados aceitar", disse ao grupo do jornal Funke. "Isso evitaria cidadãos com a impressão de que os refugiados ganham tudo e nós não ganhamos nada."

A Alemanha argumentou em vão que o fluxo de imigrantes fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África fosse dividido proporcionalmente entre os estados-membros da União Europeia, com membros mais pobres e etnicamente homogêneos sendo particularmente contra a ideia.

"A UE poderia estabelecer um programa para ajudar os municípios em países mais pobres com financiamento", acrescentou Gabriel.

Merkel, para quem uma renovada "grande coalizão" entre conservadores e SPD é sua melhor chance de garantir um quarto mandato como chanceler, culpou a preocupação com a imigração pelas perdas nas eleições de 24 de setembro e agora prefere uma posição mais dura sobre a deportação de imigrantes acusados de crimes.

Os membros do SPD, que devem ratificar qualquer acordo do governo, estão cautelosos sobre repetir a experiência de uma grande coalizão, pela qual os eleitores recompensaram com uma surra nas urnas.

Enquanto Gabriel não é um membro do time de negociação do SPD, sua proposta pode ser popular com os mais pró-Europa do partido e, especialmente, com o líder do partido Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu.

Negociações exploratórias entre os partidos devem começar em 7 de janeiro, e Merkel espera alcançar um acordo em meados de janeiro. 

(Por Andrea Shalal e Thomas Escritt)

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7723))

REUTERS CV