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Apoio de governadores à Previdência será levado em conta para financiamentos da Caixa

26/12/2017 17h37

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O governo espera que governantes, principalmente dos Estados, ajudem na aprovação da reforma da Previdência na Câmara, e sua atuação será levada em conta para a liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal, afirmou nesta terça-feira o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.

Há poucos dias à frente da articulação do governo, Marun argumentou que a concessão de financiamentos de bancos públicos trata-se de uma “ação de governo” e negou que esteja em curso qualquer tipo de chantagem.

“Os financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo... nesse sentido, entendemos que deve, sim, ser discutido com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência”, disse o ministro a jornalistas, após reunião com o presidente Michel Temer.

“Não entendo que seja uma chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência.”

Marun afirmou ainda que os frutos e ações a serem realizados a partir da liberação desses financiamentos poderão render benefícios eleitorais a parlamentares ligados aos governadores interessados nos recursos.

“É uma ação de governo, sendo uma ação de governo, obviamente que o nível de apoio que o governador puder prestar à questão da reforma vai ser realmente considerado nessa questão”, disse.

O ministro da Secretaria de Governo disse também que o governo espera ter um "número definitivo" de votos a favor da reforma da Previdência no dia 15 de janeiro.

Segundo ele, o governo deve discutir uma estratégia de articulação para aprovar a medida em novo encontro com Temer, no qual também devem estar presentes o relator da proposta, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O ministro discutiu nesta tarde a quantidade de votos com um dos vice-líderes do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), mas ainda não há um número definitivo a favor da medida. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), ela precisa dos votos favoráveis de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação.

“A gente tem aí, teoricamente, vamos dizer, 45 dias de trabalho intenso para poder conversar com os parlamentares”, disse Mansur a jornalistas. “Eu conversei com o Marun de a gente poder concentrar esse trabalho de números e ver quais são os anseios para a gente poder ir fechando os apoios nos diversos partidos, pendências que existem, que são normais”, afirmou, citando emendas e espaço político como demandas a serem atendidas pelo governo.

Sobre a estratégia para conseguir empenho dos governadores e prefeitos a favor da reforma, Mansur garantiu que não haverá um “condicionamento”, mas confirmou que eles são alvos de “conversas”.

A polêmica reforma da Previdência foi suavizada e flexibilizada na tentativa de angariar votos, mas muitos parlamentares, inclusive da base aliada, oferecem resistência à proposta já de olho nas eleições de outubro de 2018.