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França pede que UE estude novas sanções ao Irã para salvar acordo nuclear

19/03/2018 11h06

Por Robin Emmott

BRUXELAS (Reuters) - A França pediu à União Europeia nesta segunda-feira que estude a imposição de novas sanções ao Irã devido ao seu envolvimento na guerra civil da Síria e seu programa de mísseis balísticos, enquanto Paris tenta persuadir Washington a preservar o acordo nuclear firmado com Teerã em 2015.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu aos signatários europeus do acordo o prazo de 12 de maio para "consertar os defeitos terríveis" do pacto, acertado durante o governo de seu antecessor, Barack Obama, ou se recusará a manter em suspenso as sanções impostas ao Irã.

Em resposta, os três signatários europeus --França, Reino Unido e Alemanha-- propuseram novas sanções visando iranianos que apoiam o governo sírio na guerra civil e o programa de mísseis balísticos de Teerã, de acordo com um documento confidencial visto pela Reuters.

"Estamos determinados a fazer com que o acordo de Viena seja respeitado", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, aos repórteres ao chegar para conversar com seus colegas da UE, referindo-se à cidade na qual o pacto foi assinado.

"Mas não devemos excluir (da consideração) a responsabilidade do Irã na proliferação de mísseis balísticos e seu papel muito questionável no Oriente Médio e próximo", afirmou. "Isto também deve ser debatido para se chegar a uma posição comum".

O documento confidencial cita "transferências de mísseis e de tecnologia de mísseis iranianos" à Síria e a aliados de Teerã, como os rebeldes houthi no Iêmen e o grupo xiita libanês Hezbollah.

A chancelaria iraniana criticou os comentários de Le Drian, dizendo que não pode haver negociação sobre o que o regime afirma serem armas puramente defensivas.

"Tínhamos esperanças de que, após sua visita recente a Teerã e as negociações com autoridades iranianas, ele entenderia as realidades das políticas de defesa da República Islâmica", disse o porta-voz iraniano, Bahram Qasemi, segundo a agência de notícias Fars.

Os EUA adotaram sanções unilaterais contra o Irã devido a seus testes de mísseis, que dizem violarem uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) contrária ao desenvolvimento de armas capazes de comportar ogivas nucleares.

Qualquer medida da UE como um todo representaria a primeira punição significativa desde que o bloco suspendeu sanções econômicas abrangentes contra o Irã no ano passado – mas novas sanções precisariam da aprovação de todos os 28 membros e poderiam complicar negócios com o regime.