Há um volume "impressionante" de evidências de crimes de guerra na Síria, mas nem todos podem ser processados, diz ONU
Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Investigadores de crimes de guerra e ativistas acumularam um "volume impressionante" de testemunhos, imagens e vídeos documentando as atrocidades cometidas por todos os lados durante a guerra na Síria, informou um órgão da ONU em um relatório.
A equipe, liderada pela ex-juíza francesa Catherine Marchi-Uhel, disse que está preparando ações judiciais e tem se envolvido com unidades de investigação de crimes de guerra de vários Estados, incluindo na Europa, e cujos tribunais têm jurisdição universal.
No futuro, um órgão existente --como o Tribunal Penal Internacional-- ou um novo tribunal poderá ser considerado competente para a Síria, de acordo com o relatório.
A equipe espera finalizar um acordo em breve com a Comissão de Inquérito sobre a Síria a respeito da obtenção de acesso a depoimentos e provas coletadas por essa equipe separada de investigadores da ONU nos últimos seis anos, segundo o relatório.
"O volume de vídeos e outras imagens --bem como o papel desempenhado pelas mídias sociais-- é inédito em qualquer outro processo de responsabilização com relação a crimes internacionais até o momento", disse o relatório da equipe de Marchi-Uhel.
"Não é possível processar todos os crimes cometidos, dado o grande número", acrescentou.
Mas há necessidade de garantir uma "representação justa" em processar crimes cometidos por todos os lados. E crimes sexuais e de gênero, bem como violações contra crianças, serão uma prioridade, disse o relatório, divulgado nesta segunda-feira.
Investigadores também estavam procurando obter da Organização para Proibição de Armas Químicas informações sobre o uso de armas químicas na Síria.
Um relatório da Comissão de Inquérito em 15 de março disse que as forças do governo sírio e milícias aliadas estupraram e agrediram sexualmente mulheres, meninas e homens em uma campanha para punir comunidades de oposição --atos que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Liderada por Paulo Pinheiro, a comissão tem acusado as forças do governo sírio de cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo execuções em massa, e alguns grupos de oposição de crimes internacionais, como assassinato e tortura.
A equipe de Marchi-Uhel afirmou que seu trabalho seria realizado independentemente de qualquer processo de paz na Síria e se basearia no princípio de que a anistia poderia ser concedida para "crimes internacionais básicos".
(Por Stephanie Nebehay)
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