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Começa na Espanha trabalho de exumação de corpos de monumento da era Franco

23/04/2018 14h57

Por Sonya Dowsett

SAN LORENZO DE ESCORIAL, Espanha (Reuters) - Começaram nesta segunda-feira os trabalhos de exumação de corpos de vítimas da Guerra Civil Espanhola de um gigantesco monumento nos arredores de Madri, construído sob patrocínio do ditador Francisco Franco, após uma batalha legal de seis anos promovida por parentes para dar um enterro digno aos mortos.

Os trabalhos para extrair os restos dos quatro homens que morreram dos dois lados da guerra que durou de 1936 a 1939, a pedido dos parentes, podem levar a mais reivindicações por exumações no gigante mausoléu do Valle de los Caidos.

"No fim das contas, eles são nossos avôs, e queremos levá-los para casa", disse Rosa Gil, neta de Pedro Gil que morreu lutando ao lado das forças Nacionalistas, de Franco, que venceram a guerra.

A Guerra Civil ainda representa uma sombra sobre o país, oito décadas após seu fim.

Uma lei de anistia para suavizar o caminho de saída da ditadura no final da década de 1970 perdoou crimes políticos cometidos no passado. Mas a falta de responsabilização deixou feridas abertas.

Muitas famílias de soldados e de civis mortos durante o conflito --até 500 mil segundo algumas estimativas-- querem exumar os corpos de seus entes queridos que estão em valas comuns ao redor da Espanha para enterrá-los em cerimônias solenes.

O Valle de los Caidos, marcado por uma cruz de 152 metros de altura e cravada em uma rocha em uma montanha a uma hora de distância de carro de Madri, tem sido criticado como único monumento remanescente a um líder fascista na Europa.

Trabalhadores condenados das forças Republicanas, derrotadas na guerra, foram empregados na construção.

Uma igreja no local abriga os túmulos de Franco e de José Antonio Primo de Rivera, fundador do partido fascista espanhol, a Falange, em 1934. Franco morreu de causas naturais em 1975, depois de governar a Espanha por 36 anos.

Especialistas em construção avaliavam nesta segunda a possibilidade de extrair os restos dos irmãos Lapeña --que foram mortos a tiros por forças franquistas no início da guerra-- e dois combatentes nacionalistas, Pedro Gil e Juan González.

Eles são apenas quatro dos mortos entre os milhares de soldados dos dois lados da Guerra Civil enterrados no local. Muitos foram exumados de valas comuns ao redor do país na década de 1950 e levados ao Valle de los Caidos sem o conhecimento ou consentimento das famílias.