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Bloco do clérigo Moqtada al-Sadr vence eleição parlamentar iraquiana

19/05/2018 12h24

Por Raya Jalabi e Michael Georgy

BAGDÁ (Reuters) - O bloco político liderado pelo clérigo xiita Moqtada al-Sadr, um tradicional adversário dos Estados Unidos e que se opõe à influência iraniana no Iraque, venceu a eleição parlamentar do país, disse neste sábado a comissão eleitoral.

    Sadr não pode se tornar primeiro-ministro porque não disputou a eleição, embora a vitória de seu bloco o coloque em posição de ter importante voz nas negociações. O Sairoon conquistou 54 assentos no Parlamento.

   A Aliança da Vitória, liderada pelo atual premiê, Haider al-Abadi, ficou apenas no terceiro lugar, com 42 assentos, atrás do bloco Al-Hatih, com 47.

    O Al-Fath é liderado por Hadi al-Amiri, que mantém laços estreitos com o Irã e lidera um grupo de paramilitares que foi muito importante na vitória sobre o Estado Islâmico.

    Os resultados, anunciados uma semana depois de os iraquianos terem ido às urnas, produziram resultados surpreendentes em meio a uma alta abstenção.

    O sucesso do clérigo nacionalista pode ser uma derrota para o Irã, que tem aumentado paulatinamente sua influência sobre o Iraque — seu aliado mais importante no Oriente Médio —, desde que uma invasão liderada pelos EUA derrubou Saddam Hussein em 2003.

    Sadr capitalizou no ressentimento sobre os governos apoiados por Teerã, que não conseguiram melhorar serviços básicos e construir escolas e hospitais em um país devastado pela guerra contra o Estado Islâmico e a violência.

    Sadr se tornou símbolo de resistência contra a ocupação estrangeira ao liderar duas violentas revoltas contra tropas norte-americanas, fazendo o Pentágono classificar a sua milícia, chamada Mehdi, como maior ameaça à segurança do Iraque. Sadr é filho no reverenciado aiatolá Mohammed Saqed al-Sadr, morto por desafiar Saddam Hussein.

    Em seu reduto eleitoral na cidade Sadr, em Bagdá, onde pôsteres de seu pai podem ser vistos, o povo está preocupado com uma possível manobra para diminuir a influência do líder nas negociações para formação de um governo.

    “Novas listas e candidatos venceram. Mas não podem formar um governo porque os políticos anteriores são raposas e acredito que seus objetivos são formar grandes alianças para isolar os novos blocos”, disse um morador, Muied Hatim.    (Reportagem de Michael Georgy e Raya Jalabi)