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Pai diz que menina hondurenha na capa da revista Time não foi separada da mãe

22/06/2018 10h31

Por Gustavo Palencia

TEGUCIGALPA (Reuters) - A menina hondurenha que aparece vestida com um casaco rosa e chorando diante do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na capa da próxima edição da revista Time não foi separada de sua mãe na fronteira dos EUA, segundo um homem que diz ser o pai da criança.

A impactante foto original, tirada no local de uma detenção na fronteira por John Moore, fotógrafo da Getty Images, se tornou uma das imagens emblemáticas de uma onda de reportagens sobre a política de separação de famílias do governo Trump.

Dezenas de jornais e revistas de todo o mundo publicaram a foto, aprofundando a revolta que levou Trump a recuar na quarta-feira e dizer que as famílias não serão mais separadas.

"Minha filha se tornou um símbolo da... separação de crianças na fronteira dos EUA. Ela pode até ter tocado o coração do presidente Trump", disse Denis Valera à Reuters em uma entrevista por telefone.

Valera disse que a menina e sua mãe, Sandra Sanchez, foram detidas juntas na divisa de McAllen, cidade do Estado do Texas onde Sandra pediu asilo, e que elas não foram separadas depois de serem detidas perto da fronteira.

A vice-ministra das Relações Exteriores de Honduras, Nelly Jerez, confirmou o relato dos eventos feito por Valera.

Ele disse ter ficado surpreso e aflito na primeira vez em que viu a foto de sua filha chorando na televisão. "Ver o que estava acontecendo com ela naquele momento parte o coração de qualquer um".

A foto foi usada em uma ação de arrecadação de fundos pelo Facebook que conseguiu mais de 17 milhões de dólares de donativos de quase meio milhão de pessoas para o Centro para Educação e Serviços Legais de Refugiados e Imigrantes (Raices), uma entidade sem fins lucrativos do Texas que oferece assistência legal a refugiados e imigrantes.

A política imigratória de "tolerância zero" da gestão Trump levou à separação de 2.342 crianças de seus pais na fronteira EUA-México entre 5 de maio e 9 de junho.

Vídeos de crianças separadas sentadas em jaulas, uma gravação de áudio de crianças chorando e a foto de Moore provocaram indignação mundial com as diretrizes de Trump.