Corte turca condena jornalistas à prisão por supostos laços com golpe
ANCARA (Reuters) - Um tribunal da Turquia emitiu penas variando entre oito e pouco mais de 10 anos de prisão para seis jornalistas nesta sexta-feira devido a seus laços com um golpe militar fracassado em 2016, informou o grupo de direitos humanos Anistia Internacional.
Trinta jornalistas e executivos do hoje extinto jornal Zaman, visto como o principal dos veículos de mídia da rede do clérigo Fethullah Gulen, radicado nos Estados Unidos, foram levados a julgamento dois meses após a tentativa de golpe.
Gulen vive exilado na Pensilvânia desde 1999, e Ancara o culpa por ter instigado o levante mal-sucedido --ele nega qualquer envolvimento.
Nesta sexta-feira a corte condenou os conhecidos jornalistas Sahin Alpay e Ali Bula a oito anos e nove meses de prisão por "filiação a uma organização terrorista", enquanto Mumtazer Turkone e Mustafa Unal foram sentenciados a 10 anos e seis meses, disse a Anistia. Todos negaram as acusações.
"Mais uma vez, jornalistas receberam condenações criminais de acordo com leis antiterror com nada mais que seus escritos críticos apresentados como prova", afirmou Fotis Filippou, diretor de campanhas da Anistia Internacional para a Europa em um comunicado, pedindo que o veredicto seja anulado.
Cinco outros ex-jornalistas do Zaman submetidos ao mesmo julgamento foram absolvidos.
"A condenação de seis jornalistas por acusações de terrorismo sem um vestígio de prova crível contra eles mostra que a tentativa sistemática de silenciar a mídia na Turquia continua", disse Filippou.
Depois de 20 meses de detenção, Alpay foi solto em março e posto em prisão domiciliar porque o Tribunal Constitucional turco determinou duas vezes que seus direitos foram violados durante a custódia e solicitou sua libertação.
As autoridades turcas detiveram e acusaram formalmente 77 mil pessoas suspeitas de terem laços com o golpe fracassado, disse o Ministério do Interior em março, e fecharam cerca de 130 veículos de mídia.
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