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Israel condena poetisa árabe a 5 meses de prisão após mensagem de apoio a militantes palestinos

26.set.2017 - A poetisa árabe-israelense Dareen Tatour, acusada de incitação ao terrorismo - REUTERS/Ammar Awad
26.set.2017 - A poetisa árabe-israelense Dareen Tatour, acusada de incitação ao terrorismo Imagem: REUTERS/Ammar Awad

Maayan Lubell

Em Jerusalém

31/07/2018 10h15

Um tribunal de Israel condenou uma poetisa árabe-israelense a cinco meses de prisão nesta terça-feira, após considerá-la culpada de incitação ao terrorismo por um poema e comentários que publicou em redes sociais durante uma onda de ataques palestinos.

Dareen Tatour, de 36 anos, publicou no Facebook e no YouTube um vídeo no qual lê o poema "Resista, Meu Povo, Resista" como trilha sonora de imagens de jovens palestinos mascarados atirando pedras e coquetéis molotov contra soldados israelenses.

Dareen publicou seu poema em outubro de 2015, durante onda de ataques fatais de palestinos usando facas, armas de fogo e carros contra israelenses. Ela foi presa alguns dias depois, e procuradores disseram que sua postagem incitava violência, o que ela nega.

31.jul.2018 - A poetisa árabe-israelense Dareen Tatour após ser condenada a cinco meses de prisão pela acusação de incitação ao terrorismo - REUTERS/Rami Shlush - REUTERS/Rami Shlush
31.jul.2018 - "Eu não esperava que a justiça fosse feita", disse Tatour após a sentença
Imagem: REUTERS/Rami Shlush

Seu caso chamou a atenção de defensores da liberdade de expressão em Israel e no exterior, destacando a avançada tecnologia usada por agências de segurança israelenses para vasculhar redes sociais para identificar e prender usuários suspeitos de incitação à violência ou de planejarem ataques.

Dareen disse que seu poema foi mal interpretado pelas autoridades israelenses, uma vez que não era uma convocação à violência, e sim à luta pacífica.

As negociações apoiadas pelos Estados Unidos para a criação de um Estado palestino em territórios que Israel capturou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, estão suspensas desde 2014.

A poetisa também foi acusada de apoiar um grupo terrorista. Procuradores argumentaram que ela expressou apoio à convocação de revolta do grupo militante palestino Jihad Islâmica.

"Eu não esperava que a justiça fosse feita. O caso foi político desde o início, porque sou palestina e defendo a liberdade de expressão", disse a repórteres no tribunal de Nazaré, no norte de Israel.

Dareen pertence à minoria árabe que vive em Israel, composta principalmente por descendentes dos palestinos que permaneceram em suas terras após a Guerra Árabe-israelense de 1948, após a fundação do Estado de Israel. Centenas de milhares fugiram ou foram expulsos de suas casas.