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Colombianos votam em medidas anticorrupção no referendo de domingo

26/08/2018 12h57

Por Julia Symmes Cobb

BOGOTÁ (Reuters) - Os colombianos votam este domingo em um referendo que irá decidir sobre sete medidas anticorrupção, incluindo uma redução nos salários dos parlamentares e limites de mandatos para cargos públicos, enquanto escândalos de pagamento de propinas no país continuam a causar indignação.

Como a segurança no país melhorou nos últimos anos, os colombianos têm voltado sua atenção para os casos de corrupção que estamparam as manchetes, incluindo compra de votos, propinas para obter contratos públicos e a extradição do czar anticorrupção do país por supostamente aceitar suborno.

A corrupção custa à Colômbia 17 bilhões de dólares por ano, o equivalente a 5,3% do PIB, disse a controladoria do país. A questão foi um tema polêmico nas eleições presidenciais de junho, quando os candidatos responderam ao descontentamento popular com uma série de promessas de reformas.

Em uma zona eleitoral no norte de Bogotá, todos os eleitores contatados pela Reuters disseram que apoiaram o lado do sim. É amplamente esperado que muitos dos que se opõem às medidas não votem.

"Não é justo investir tanto nos salários dos parlamentares quando há tantas famílias que não ganham nem dois salários mínimos", disse Miriam Huerte, uma faxineira de 54 anos.

O "sim" é apoiado por muitos parlamentares de esquerda e de centro. Um vídeo de reggaeton estrelado por políticos incentivando as pessoas a votar sim foi amplamente compartilhado nas redes sociais nesta semana.

O presidente de direita, Ivan Duque, que prometeu durante sua campanha que iria reprimir a corrupção limitando mandatos e aplicando sentenças mais duras, apoia o referendo e considera a corrupção um "câncer".

No entanto, vários membros de seu partido, incluindo Alvaro Uribe, que é seu mentor, ex-presidente e atual senador, disseram que preferem apoiar propostas anticorrupção no Congresso. Uribe, cuja administração foi tomada por investigações de corrupção, está agora sendo investigado pela Suprema Corte por suposta manipulação de testemunhas e suborno.

O maior obstáculo do referendo é provavelmente atingir um quórum. Para passar, cada questão deve ser votada por pelo menos um terço dos eleitores, cerca de 12 milhões de pessoas, e ter o apoio de pouco mais de 6 milhões.

Cerca de 36,4 milhões de colombianos estão aptos a votar. Apenas 19,5 milhões de pessoas votaram no segundo turno da eleição presidencial.

As perguntas que forem aprovadas devem ser incorporadas à lei pelo Congresso dentro de um ano ou implementadas por decreto presidencial.

O referendo perguntará se os salários mensais para parlamentares e outros funcionários de alto escalão deveriam ser limitados ao equivalente a 25 salários mínimos, ou quase 6.600 dólares. Os legisladores atualmente ganham mais de 10.500 dólares por mês, comparado com um salário mínimo de 260 dólares.

Outras questões incluem a proibição de sentenças alternativas, como prisão domiciliar, por corrupção, forçando as autoridades eleitas a divulgarem suas declarações de impostos e impondo um limite de três mandatos para parlamentares regionais e nacionais.