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John McCain, ex-prisioneiro de guerra e "rebelde republicano", morre aos 81 anos

26/08/2018 11h50

Por Will Dunham

WASHINGTON (Reuters) - O senador norte-americano John McCain, ex-prisioneiro da guerra do Vietnã que disputou a presidência em 2008 como um republicano rebelde e se tornou um crítico proeminente do presidente Donald Trump, morreu no sábado, informou seu gabinete. Ele tinha 81 anos.

Senador pelo estado do Arizona há mais de três décadas, McCain sofria de glioblastoma, um câncer no cérebro, desde julho de 2017 e não esteve no Capitólio dos Estados Unidos este ano.

Sua família disse na sexta-feira que McCain estava interrompendo o tratamento do câncer.

Ele morreu no sábado à tarde com sua esposa Cindy e outros membros da família à sua cabeceira. "Até o momento de sua morte, ele serviu os Estados Unidos da América fielmente por sessenta anos", disse um comunicado de seu gabinete.

McCain se desentendia frequentemente com Trump e disse à sua família que não queria que o presidente comparecesse ao funeral, informou a CNN, citando amigos da família.

As bandeiras estavam voando a meio mastro na Casa Branca no domingo de manhã, horas depois que Trump tuítou suas "mais profundas condolências e respeito" à família de McCain.

McCain será velado em Phoenix, no Arizona, e na rotunda do Capitólio em Washington, D.C.

Ele receberá um serviço fúnebre na Catedral Nacional de Washington, onde o vice-presidente Mike Pence deverá representar a atual administração, antes de ser enterrado em Anápolis, Maryland, disse sua família.

Em homenagem ao seu adversário eleitoral de 2008, o ex-presidente Barack Obama descreveu McCain como um idealista e disse que havia "algo nobre" sobre suas batalhas políticas.

Cindy McCain disse que seu marido "faleceu da mesma forma que viveu, em seus próprios termos, cercado pelas pessoas que amava, no lugar que ele mais amava".

"Meu coração está partido. Eu tenho muita sorte de ter vivido a aventura de amar esse homem incrível por 38 anos", escreveu ela no Twitter.

AFÁVEL, RABUGENTO

A vaga criada pela morte de McCain reduziu o número de assentos republicanos no Senado americano para 50, com os democratas controlando 49. O governador republicano do Arizona, Doug Ducey, deve nomear um membro de seu próprio partido para suceder McCain.

Isso também poderia dar aos republicanos uma ligeira vantagem na batalha para confirmar Brett Kavanaugh à Suprema Corte dos EUA nas próximas semanas, porque McCain estava doente demais para votar neste ano.

Alternativamente afável e rabugento, McCain esteve nos olhos do público desde a década de 1960, quando, como aviador naval, foi abatido durante a Guerra do Vietnã, aprisionado e torturado por seus captores vietnamitas do norte comunistas durante 5 anos e meio.

Ele foi derrotado por George W. Bush para a indicação presidencial republicana em 2000, mas tornou-se o candidato do partido à Casa Branca oito anos mais tarde. Depois de apostar na novata política Sarah Palin como companheira de chapa, McCain perdeu para Obama, que se tornou o primeiro presidente negro dos EUA.

Obama disse que ele e McCain, apesar de suas "origens completamente diferentes" e diferenças políticas, compartilham "uma fidelidade a algo superior - os ideais pelos quais gerações de americanos e imigrantes lutaram, marcharam e se sacrificaram".

"Nós vimos nossas batalhas políticas até mesmo como um privilégio, algo nobre, uma oportunidade de servir como administradores desses altos ideais em casa e promovê-los ao redor do mundo", escreveu Obama.