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Política anti-imigração da Itália põe em risco missão da UE no Mediterrâneo

28/08/2018 11h17

Por Gabriela Baczynska

BRUXELAS (Reuters) - A Itália ameaçou impedir navios da força naval da União Europeia de levar imigrantes recolhidos no Mediterrâneo para seus portos, a menos que o bloco crie maneiras de dividir o fardo de recebê-los, informaram autoridades em Bruxelas.

Diplomatas estavam reunidos em Bruxelas nesta terça-feira para debater a ameaça mais recente da Itália, cujo novo governo populista já barrou vários navios de resgate com centenas de imigrantes à deriva.

Segundo autoridades da UE, o governo italiano disse que o bloco tem até o final de agosto para planejar um esquema de realocação claro para imigrantes resgatados no mar por barcos da força naval conjunta Operação Sophia, ou não os receberá mais em seus portos.

Qualquer acordo rápido para o recebimento de pessoas resgatadas por navios da Operação Sophia em outros países da UE é improvável. Os Estados do bloco não conseguiram combinar uma política imigratória desde que imigrantes e refugiados do Oriente Médio e da África começaram a chegar em grandes números.

A Itália, onde mais de 650 mil pessoas chegaram pelo mar desde 2014, vem se sentindo cada vez mais sobrecarregada e abandonada por seus pares. Eleições realizadas neste ano deram a vitória a partidos que fizeram campanha com uma plataforma anti-imigração.

Uma autoridade da UE disse que o pior cenário seria os barcos da Operação Sophia ficarem nos portos. Outras disseram que isso é improvável, já que o mandato da missão vai até o final do ano e os países da UE são favoráveis em geral à sua manutenção, e que por isso o mais provável é que se omitam.

A menos que uma solução apareça, a bola voltará para o campo de Roma para que se descubra se esta pretende cumprir sua ameaça.

Atualmente a Operação Sophia tem quatro navios no Mediterrâneo, além de aviões e helicópteros, de olho no tráfico de pessoas pelo mar.

Pela lei internacional as embarcações têm a obrigação de ajudar pessoas em perigo, e até agora os barcos da Operação Sophia levaram a maioria dos resgatados a portos italianos.

Embora só cerca de 70 mil pessoas tenham chegado à UE cruzando o Mediterrâneo neste ano --uma fração das mais de um milhão que o fizeram no ano recorde de 2015-- a imigração ainda domina a política europeia.

Ministros da Defesa do bloco também debaterão a questão quando se reunirem em Viena na quarta e quinta-feiras.