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Em meio a forte crise econômica, escolas amanhecem quase vazias em primeiro dia de aula na Venezuela

Cadeiras empilhadas em sala vazia no primeiro dia de aula na Venezuela - Marco Bello/Reuters
Cadeiras empilhadas em sala vazia no primeiro dia de aula na Venezuela Imagem: Marco Bello/Reuters

Brian Ellsworth e Vivian Sequera

Caucagua, Venezuela

17/09/2018 19h18

O ano letivo da Venezuela começou nesta segunda-feira (17) com poucos estudantes chegando às salas de aula, em meio a uma debilitante crise econômica que tem deixado muitas famílias sem condições de comprar materiais ou fornecer comida suficiente para que as crianças foquem nas tarefas escolares.

O país membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sofre por preços baixos do petróleo e por um desmoronamento do sistema econômico socialista, deixando milhões lutando para comer e centenas de milhares migrando para países vizinhos em busca de condições melhores.

Embora as aulas frequentemente demorem semanas para entrar em ritmo total, professores disseram que o índice de ausentes é significativamente mais notável neste ano.

Na pobre região rural de Caucagua, a cerca de 75 quilômetros de Caracas, somente três alunos haviam chegado à Unidade Educacional Miguel Acevedo, uma escola pública primária que tem 65 alunos registrados, de acordo com a diretora Nereida Veliz.

A performance da escola "está bem baixa porque crianças não estão vindo às aulas", disse Veliz na pequena escola, que está sem energia elétrica e onde a água corrente só funciona três dias na semana. Alunos geralmente vão à escola para receber refeições fornecidas pelo Estado.

"Eles não comem em casa, eles comem aqui", disse.

O ministro da Educação, Aristobulo Istúriz, disse na sexta-feira que aulas iriam começar nesta semana para 7,6 milhões de alunos em 30 mil escolas no país, um número que inclui 5 mil escolas particulares.

O colapso hiperinflacionário da Venezuela deixou lápis, livros e uniformes fora do alcance do cidadão médio.

Uma queda acentuada nos transportes públicos se tornou uma limitação para atividades que variam de entrega de produtos a transporte escolar de crianças.

"Fiz um grande esforço para trazer meu filho à escola. Parte desse uniforme é do ano passado e das coisas de seu irmão", disse Omaira Bracho, de 50 anos, na cidade costeira de Punto Fijo, no Estado de Falcon. "Encontrei sapatos em promoção. A coisa mais difícil são os materiais escolares".

O presidente Nicolás Maduro diz que o país é vítima de uma "guerra econômica" liderada por adversários políticos apoiados pelos Estados Unidos.