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UE e Reino Unido acertam esboço de acordo sobre relações pós-Brexit

22/11/2018 17h18

Por Gabriela Baczynska e Kylie MacLellan

BRUXELAS/LONDRES (Reuters) - O Reino Unido e a União Europeia concordaram com o esboço de um texto que delineia seu relacionamento futuro pós-Brexit, embora uma desavença com a Espanha sobre o controle de Gibraltar ainda precise ser resolvida antes de os líderes da UE se reunirem no domingo para chancelar o pacto.

A notícia desta quinta-feira fez a libra esterlina subir quase um por cento devido ao alívio dos investidores por verem 18 meses de uma negociação tensa e tortuosa render frutos, mantendo o Reino Unido próximo de seu maior mercado e garantindo que nada mudará muito durante um período de transição que deve durar ao menos até o final de 2020.

    "O povo britânico quer que o Brexit seja resolvido. Ele quer um bom acordo que nos coloque no rumo de um futuro mais brilhante", disse a primeira-ministra, Theresa May, ao Parlamento.

"O acordo que nos permitirá fazê-lo agora está ao nosso alcance. Nestas 72 horas cruciais à frente, farei todo o possível para entregá-lo ao povo britânico."

    Seu porta-voz disse que ela acredita que consegue vencer uma votação essencial sobre o acordo no Parlamento, que é esperada para o próximo mês, mas muitos daqueles que ela precisa persuadir não pareceram convencidos.

Alguns colegas conservadores que querem uma separação mais clara da UE a acusaram de "trair o Brexit", e o líder opositor trabalhista, Jeremy Corbyn, classificou o desfecho da negociação como "o pior de todos os mundos" por manter o país ligado ao vasto mercado do bloco sem poder opinar sobre suas regras.

    Depois que o esboço de um tratado estabeleceu os termos da desfiliação britânica de março na semana passada, May se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na quarta-feira na esperança de finalizar uma declaração ambiciosa sobre os laços futuros que pode ajudá-la a garantir apoio para o pacote inteiro do Brexit em casa.

Mas o pacto terá um caminho acidentado depois que chegar à legislatura profundamente dividida, já que ali enfrentará eurocéticos radicais e facções pró-UE determinadas, além de parlamentares oscilando entre os dois extremos.

    Autoridades do bloco disseram haver um consenso firme de que as minúcias pendentes não deveriam frear um acordo final no domingo, e enquanto isso os 27 governos remanescentes analisam a nova documentação. A principal dúvida é se a Espanha, vendo o Brexit como uma oportunidade para cortejar o apoio da UE à sua campanha de 300 anos reivindicando Gibraltar do Reino Unido, pode ser convencida a manter a paciência.

Fontes da UE disseram à Reuters que outras exigências dos governos serão colocadas em uma página separada ou duas de um texto curto a ser endossado na cúpula.

(Reportagem adicional de Alastair Macdonald, Jan Strupczewski e Philip Blenkinsop em Bruxelas e William James, Sarah Young e Guy Faulconbridge em Londres)