UE precisa que Reino Unido decida sobre Brexit para seguir em frente, diz vice-negociadora do bloco
Por Alastair Macdonald e Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - A União Européia tem uma mensagem para a primeira-ministra britânica, Theresa May, conforme ela busca um caminho para romper o impasse em torno Brexit: o Reino Unido precisa decidir o que realmente quer, mas o acordo de divórcio negociado não será reaberto.
Com menos de nove semanas até que o Reino Unido seja obrigado por lei a deixar a União Européia em 29 de março, ainda não há acordo em Londres sobre como e até mesmo vai mesmo deixar o maior bloco comercial do mundo.
A União Europeia gostaria de ter clareza da parte do Reino Unido sobre como o país vê as relações comerciais pós-Brexit para poder seguir em frente e evitar uma saída britânica desordenada do bloco, disse a vice-negociadora da UE Sabine Weyand nesta segunda-feira.
"É um grande desafio ver como você pode construir a partir de uma diversidade da oposição uma maioria positiva para o acordo, e essa é a tarefa agora para o governo do Reino Unido e para a Câmara dos Comuns", disse Weyand sobre o que chamou de "esmagadora" derrota da proposta de May há duas semanas.
"É um desafio muito grande", disse. "Não haverá mais negociações sobre o Acordo de Retirada", disse ela, notando que a apenas 60 dias do prazo, o tempo é muito curto para completar a ratificação do tratado. "Onde temos margem é na declaração política... Precisamos de decisões do lado do Reino Unido sobre a direção da viagem."
FRONTEIRA IRLANDESA
Mas ela admitiu que a União Europeia está aberta a "arranjos alternativos" ao mecanismo backstop irlandês, tal como citado em uma proposta legislativa britânica crucial sobre o tratado de desfiliação do Reino Unido do bloco. Tais alternativas, no entanto, não existem por ora.
Referindo-se à emenda na legislação do Brexit proposta por Graham Brady, um apoiador de May, que quer "arranjos alternativos", a vice-negociadora da UE, Sabine Weyand, disse que o tratado de retirada rejeitado pelos parlamentares britânicos já continha essa possibilidade.
"Estamos abertos a arranjos alternativos" sobre a fronteira irlandesa, disse ela em uma conferência. "O problema com a emenda Brady é que ela não explicita quais são eles."
"Não é uma crítica a eles porque eles não existem."
Mas ela exortou os parlamentares britânicos a não verem o mecanismo backstop, que manteria o Reino Unido em um arranjo alfandegário com o bloco até se encontrar uma maneira melhor de evitar verificações na fronteira irlandesa, como um prejulgamento de como um acordo comercial melhor pode ser obtido.
"O backstop não é um pré-requisito para o relacionamento futuro", afirmou. "Estamos abertos a propostas alternativas."
Ela disse ainda que, se e quando os líderes da UE debaterem adiar o Brexit concordando em prorrogar as negociações, eles "exigirão certos elementos de informação... e um deles é o objetivo de uma prorrogação".
"Eles iriam querer a garantia de que, ao final da prorrogação, haverá clareza. A ideia de partir para prorrogações em série não é muito popular do lado da UE."
(Reportagem de Gabriela Baczynska)
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