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Ernesto Araújo diz esperar que forças de segurança de Maduro permitam entrada de ajuda humanitária na Venezuela

23/02/2019 10h32

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou neste sábado que a expectativa é que as forças de segurança do governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, permitam a entrada em breve dos dois primeiros caminhões com a ajuda humanitária que partiu de Boa Vista, capital de Roraima, em direção ao país vizinho.

“A expectativa é que as forças que controlam a fronteira permitam o acesso dos caminhões”, disse Araújo, em entrevista coletiva neste sábado pela manhã em Pacaraima, cidade brasileira próxima à fronteira.

Na véspera, o Brasil reafirmou que vai manter a operação de entrega de ajuda humanitária à Venezuela através da fronteira brasileira neste sábado e nos próximos dias, mesmo com a decisão de Maduro de bloquear a passagem de pessoas e caminhões na localidade.

Contudo, na sexta-feira, soldados da Venezuela abriram fogo contra membros de uma comunidade indígena perto da fronteira com o Brasil, deixando ao menos dois mortos e diversos feridos, à medida que Maduro desafia esforços da oposição para levar auxílio humanitário ao país economicamente devastado.

Em entrevista coletiva com a participação da embaixadora no Brasil do governo autoproclamado de Juan Guaidó, Maria Teresa Belandria, e encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, William Popp, o chanceler brasileiro ressaltou que a ajuda humanitária é exclusivamente humanitária e que não se trabalha com qualquer conflito na fronteira.

“Não há menor expectativa de conflito, claro que o Exército está preparado caos isso possa se materializar”, ressalvou o ministro das Relações Exteriores.

Araújo disse que a primeira ajuda humanitária consiste em 2 caminhões dirigidos por venezuelanos, com medicamentos que não precisam de refrigeração e alimentos não perecíveis.

Na coletiva, Maria Teresa Belandria admitiu que o governo Maduro está colocando dificuldades para que caminhões venezuelanos entrem no país com suprimentos. “O regime Maduro tem braços longos e ameaçam as empresas de transporte”, disse.

William Popp também reafirmou que espera que o governo Maduro permita a entrada da assistência. “Pedimos que essas forças venezuelanas permitam a entrada da ajuda e não ajam com violência”, disse, para quem essa ajuda é uma entrega inicial e que os EUA vão continuar a auxiliar para que se possa haver futuramente uma transição de governo.

(Reportagem de Ricardo Brito)