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Imperador Akihito pede que Japão construa laços "sinceros" com o mundo

24/02/2019 13h15

Por Linda Sieg

TÓQUIO (Reuters) - O imperador Akihito do Japão, que abdicará do trono no fim de abril no primeiro acontecimento deste tipo em dois séculos, celebrou neste domingo o 30º aniversário de sua coroação com um pedido para que o país se abra e crie laços sinceros com o mundo.

O monarca de 85 anos, que se tornou um símbolo de paz e reconciliação após a morte de seu pai Hirohito, em cujo nome o Japão travou a Segunda Guerra Mundial, também enfatizou o desejo de seus colegas japoneses pela paz. 

"Eu acho que o nosso país insular está sendo solicitado agora a se abrir mais para o exterior neste mundo globalizado, para estabelecer sua própria posição com sabedoria e construir relações com outros países com sinceridade", disse Akihito.

Ele deixará o cargo em 30 de abril, para ser sucedido no dia seguinte pelo príncipe herdeiro Naruhito, de 59 anos.

A cerimônia deste domingo contou com a presença da imperatriz Michiko, do primeiro-ministro Shinzo Abe e de outros dignitários.

As relações do Japão com a vizinha China e com as duas Coreias foram imensamente prejudicadas pelo amargo legado de guerra e pela colonização da península coreana entre 1910 e 1945 por Tóquio.

As relações com Seul, em particular, ficaram congeladas por conta de brigas sobre memórias de guerra e duelos militares.

O imperador, cujo pai já foi considerado um deus vivo, é definido pela constituição do pós-guerra como um símbolo de unidade, sem poder político, mas ainda assim é amplamente respeitado.

Akihito, que sempre falou sobre a necessidade de lembrar os horrores da guerra, lembrou que após a morte de seu pai em 1989 Michiko escreveu um poema tradicional sobre a paz que dizia: "O país está cheio de palavras de todas as pessoas que esperam construir uma era de paz juntos".

Akihito acrescentou: "Mas mesmo agora, prezamos em nossos corações pelas palavras quietas, mas resolutas, que nos chegaram de toda a terra, dizendo: 'Vamos construir um Japão pacífico junto com a Casa Imperial'".

(Reportagem adicional de Kiyoshi Takenaka)