Vaticano fará sua própria investigação sobre acusações contra cardeal australiano
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano está iniciando sua própria investigação sobre as acusações contra o cardeal australiano George Pell, que foi considerado culpado do abuso sexual de menores de idade na Austrália, disse um porta-voz nesta quarta-feira.
A medida significa que Pell, que alega inocência e planeja apelar do veredicto, pode ser expulso do sacerdócio se o departamento doutrinário do Vaticano também considerá-lo culpado.
A condenação de Pell foi particularmente constrangedora para o Vaticano e o papa Francisco, já que veio só dois dias após o final de uma grande reunião de líderes da Igreja sobre como lidar melhor com o abuso infantil por parte do clero.
Pell, que tem 77 anos e foi uma autoridade de alto escalão do Vaticano, voltou a ficar sob custódia e passará sua primeira noite atrás das grades nesta quarta-feira enquanto aguarda sua pena por abusar sexualmente de dois meninos de um coral na Austrália duas décadas atrás.
"Após o veredicto de culpa de primeira instância do cardeal Pell, agora a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) tratará do caso na sequência do processo e dentro do tempo estabelecido pela norma canônica", informou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.
Ele não deu detalhes sobre o cronograma ou o processo. A investigação pode levar a um julgamento ou a um "processo administrativo" abreviado, disse uma fonte do Vaticano.
O caso Pell ocorre no momento em que a Igreja Católica ainda sofre o abalo de escândalos de abusos nos Estados Unidos, Chile, Irlanda e Alemanha, entre outros locais.
Embora a maior parte dos abusos tenha acontecido décadas atrás, eles macularam o pontificado de Francisco porque as vítimas e seus defensores dizem que ele ainda não fez o suficiente para responsabilizar os bispos que permitiram ou acobertaram abusos de padres.
Gisotti também confirmou que Pell não comanda mais o Secretariado da Economia, no qual supervisionava as finanças do Vaticano. O mandato de cinco anos de Pell terminou vários dias atrás, e o papa ainda não escolheu um sucessor.
Em dezembro, Pell, o clérigo católico mais graduado a ser condenado por delitos sexuais contra crianças, foi considerado culpado de cinco acusações de abuso de meninos de 13 anos quando era arcebispo de Melbourne nos anos 1990.
O veredicto de culpa do cardeal foi divulgado na Austrália na terça-feira depois da anulação de uma ordem legal de supressão. Ele será sentenciado no dia 13 de março.
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