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Dezenas de milhares de argelinos protestam contra presidente Bouteflika

08/03/2019 12h08

Por Zohra Bensemra e Hamid Ould Ahmed

ARGEL (Reuters) - Dezenas de milhares de argelinos desafiaram grandes contingentes de policiais, nesta sexta-feira, e retomaram manifestações em massa contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, representando o maior desafio para seu governo de 20 anos.

Excepcionalmente, um dos imãs mais populares da capital Argel não rezou pelo presidente --como faz toda sexta-feira--, e só desejou o melhor para a Argélia e seu povo.

Vários parlamentares do partido governista FLN renunciaram para participar dos protestos, disse a emissora de TV Ashourouq. Nenhum detalhe foi disponibilizado imediatamente.

Serviços de trem e metrô em Argel foram suspensos sem explicação antes que os argelinos se reunissem novamente em várias cidades para pressionar Bouteflika, de 82 anos, a renunciar.

Bouteflika está hospitalizado em Genebra e raramente é visto em público desde que sofreu um derrame em 2013. Na quinta-feira, ele emitiu seu primeiro alerta aos manifestantes, dizendo que a agitação, que agora entra em sua terceira semana, poderia desestabilizar o país.

A polícia suíça deteve o candidato da oposição argelina, Rachid Nekkaz, por invasão ao entrar no hospital onde Bouteflika está sendo tratado. Ele havia viajado para lá para ver pessoalmente se o presidente está apto para o cargo.

"Há 40 milhões de argelinos que querem saber onde está o presidente argelino, Abdulaziz Bouteflika", disse ele a repórteres antes de entrar no hospital.

As manifestações, as maiores desde a "Primavera Árabe" de 2011, representam a ameaça mais substancial para o presidente, que se candidata à reeleição em 18 de abril.

Muitos argelinos, cansados ​​do domínio de idosos veteranos da guerra da independência de 1954-1962 contra a França, estão exigindo que Bouteflika renuncie, mas, apesar de problemas de saúde, ele submeteu seus documentos de candidatura.

Bouteflika se ofereceu para limitar seu mandato após a eleição, e até mesmo para mudar o "sistema" que governa o país, mas pessoas de diferentes classes sociais, incluindo estudantes e famílias jovens, ainda estão na rua.