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Na Nova Zelândia, uma jornada ao redor do mundo e para dentro da escuridão

16/03/2019 14h38

Por Byron Kaye

SYDNEY (Reuters) - "Apenas um homem branco de 28 anos comum", era como Brenton Harrison Tarrant, acusado de assassinar 49 pessoas e ferir outras em duas mesquitas da Nova Zelândia, apresentava-se ao mundo em um manifesto que está circulando na internet.

"Nascido na Austrália, classe trabalhadora, família de baixa renda", acrescentou.

Mais do que isso, o país que gestou o homem acusado do segundo tiroteio com mais vítimas da história sofre para recolher pistas sobre uma vida que as pessoas em sua cidade natal afirmam ter deixado poucas impressões, até ele publicar um longo e articulado texto na internet, junto com um link para uma série de vídeos do tiroteio nas mesquitas.

Sob as leis da Nova Zelândia, há limites sobre o que pode ser publicado sobre ele, para preservar seu direito a um julgamento justo.

Embora seus perfis no Facebook e no Twitter tenham sido derrubados pouco depois das notícias do ataque se espalharem, a polícia afirmou que Tarrant viveu em Gratton, uma cidade do interior dividida por um rio e conhecida pela indústria madeireira, aproximadamente 500 quilômetros ao norte de Sidney.

Em seu manifesto com 74 páginas, ele disse que havia frequentado a escola local, Grafton High School, que não respondeu ao pedido da Reuters por um comentário.

Tarrant disse em seu documento que recebeu "pouca educação durante os anos escolares, mal alcançando notas suficientes para passar", pulando a universidade para trabalhar e negociar criptomoedas, o que, segundo ele, era rentável.

Ele também se tornou um membro comprometido da sua academia local, Big River Squase and Fitness Center, como estudante colegial, qualificado como personal trainer, teria dito seu dono, Tracey Gray, segundo o Sydney Morning Herald.

"Ele começou a frequentar minha academia como um garoto que estava terminando a escola e mostrou muita dedicação em seu próprio treinamento", teria dito Gray, segundo o jornal. "Ele nunca mostrou qualquer tendência extremista em conversas que tive com ele."

Tarrant deixou a escola Grafton por volta do momento em que seu pai morreu, em 2011, disse Gray ao Herald. No sábado, ninguém atendia ao telefone da academia e sua página de Facebook havia sido desativada.

A polícia de Grafton recusou-se a comentar se havia tido algum problema com Tarrant no passado, assim como a polícia estatal de New South Wales. As autoridades da Nova Zelândia afirmaram que ele não estava em nenhuma lista de observação.

EXPERIÊNCIAS MUNDO AFORA

Tarrant escreveu que usou os lucros dos negócios com criptomoeda para viajar para França, Espanha e Portugal, em 2017.

Muitos países checaram seus registros, depois dos ataques, e descobriram que ele também havia embarcado em outras viagens.

Alguns meses antes de sua passagem pela Europa Ocidental, no fim de 2016, Tarrant visitou Sérvia, Montenegro, Bósnia e Croácia, onde visitou locais históricos de batalhas, disse o procurador-geral da Bulgária, Sotir Tsatsarov, à Reuters.

Ele retornou à região em novembro de 2018 para um tour em locais históricos de Bulgária, Romênia e Hungria.

(Reportagem adicional por Paulina Duran e Tom Westbrook, em SYDNEY, e reportagem de Tulay Karadeniz and Dominic Evans, na TURQUIA, e Tsvetelia Tsolova, na BULGÁRIA)