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Produção de minério da Vale sobe 4,9% em 2018; analistas apontam falta de visibilidade

26/03/2019 17h23

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção de minério de ferro da Vale em 2018 cresceu 4,9 por cento ante o ano anterior, para 384,6 milhões de toneladas, atendendo a expectativas de analistas de mercado, que ponderaram que aguardam mais visibilidade sobre as operações da empresa ao longo deste ano.

O dado de extração foi publicado nesta terça-feira pela mineradora, em seu relatório trimestral de produção e vendas, o primeiro após o rompimento mortal da barragem de Brumadinho, que deixou mais de 300 pessoas mortas, grande parte de funcionários da própria mineradora.

Mas não foram apresentadas informações atualizadas sobre as metas para o ano, que podem sofrer impactos importantes devido à tragédia envolvendo a empresa, em 25 de janeiro, que levou a mineradora a paralisar operações em diversas minas de Minas Gerais.

A Vale divulgará na quarta-feira, após o fechamento dos mercados, seu desempenho financeiro de 2018. Na mesma data, a empresa informou que irá divulgar "detalhes extensos" sobre todas as iniciativas relacionadas ao desastre. No dia seguinte fará uma teleconferência com analistas.

"Não foram dados detalhes adicionais em relação à situação da companhia após a tragédia de Brumadinho, bem como expectativas para frente", disse a XP Investimentos, em nota a clientes. A corretora tem expectativa de ter mais informações no relatório de resultado.

Maior produtora global de minério de ferro, a Vale foi levada a paralisar capacidade anual de produção de 92,8 milhões de toneladas da commodity, por iniciativa própria ou de autoridades, após a tragédia.

No entanto, a companhia deu sinais de que poderia ter certa margem para lidar com a situação este ano, já que informou ter vendido apenas cerca de 80 por cento do total de minério de ferro produzido no ano passado.

Em 2018, a empresa vendeu cerca de 309 milhões de toneladas da commodity, alta de 6,1 por cento ate 2017.

No quatro trimestre, o volume de vendas de finos de minério de ferro somou 80,2 milhões de toneladas, queda de 3,9 por cento ante o trimestre anterior, "como resultado de vendas que foram deliberadamente postergadas para o primeiro trimestre de 2019 para fins de otimização de margem", segundo a empresa.

Também nos três últimos meses do ano passado, a mineradora produziu 101 milhões de toneladas, queda de 3,8 por cento ante o trimestre anterior.

"Como esperado, a Vale divulgou um sólido relatório de produção em todas as suas divisões", disse o BTG Pactual, em relatório a clientes, onde também ressaltou uma falta de visibilidade sobre a produção e os embarques de minério de ferro da Vale em 2019, após o desastre envolvendo barragem da empresa.

"A falta de visibilidade sobre a produção/embarques de minério de ferro da Vale em 2019 continua, e é (ironicamente) uma fonte chave para a tendência altista das ações (via precificação)", disse o BTG.

O relatório da Vale, com todas páginas em cinza e branco, sendo a primeira folha com o símbolo de luto, não trouxe também detalhes mais aprofundados sobre as operações de minério de ferro, como é usual. O material ainda veio menor do que em outros trimestres, com apenas nove páginas, contra 19 páginas no trimestre anterior.

As ações da Vale fecharam em alta de 1,47 por cento.

METAIS BÁSICOS

A produção de níquel, por sua vez, somou 244,6 mil toneladas em 2018, queda de 15 por cento ante o ano anterior. Já as vendas no período somaram 236,4 mil toneladas, queda de quase 20 por cento, na mesma comparação.

"Em 2018, o negócio de níquel passou por um processo de transição para um menor 'footprint', no qual investimentos e volumes de produção foram ajustados para refletir as condições de mercado", disse a empresa.

A produção de cobre alcançou 395,5 mil toneladas em 2018, queda de 9,8 por cento ante 2017, refletindo, principalmente, a decisão estratégica da Vale de reduzir o seu perfil de produção de níquel, o que levou a menores volumes de subproduto de cobre nas operações do Atlântico Norte.

(Por Marta Nogueira; reportagem adicional de Paula Laier e Tatiana Bautzer)