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Bolsonaro diz que está à disposição para buscar reeleição caso não haja "boa" reforma política

20/06/2019 17h45

Por Pablo Garcia e Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que está à disposição para tentar a reeleição em 2022 caso o Congresso não faça uma "boa reforma" política e, ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, defendeu temas caros à sua base, como porte de armas e fim dos radares eletrônicos.

"Se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caso, jogar fora a possibilidade de reeleição, posso fazer isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política, se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos", disse o presidente a jornalistas ao participar do evento que reúne milhares de evangélicos na capital paulista.

O presidente também rebateu declarações dadas pelo general Carlos Alberto Santos Cruz, que deixou o comando da Secretaria de Governo nesta semana e classificou a gestão Bolsonaro em entrevista à revista Época como "um show de besteiras".

"Eu não li ainda. Caso Santos Cruz é página virada", disse o presidente inicialmente. "Não sei o que ele falou, ele integrou o governo por seis meses e nunca falou que tinha bobagem lá dentro", disse Bolsonaro.

Bolsonaro demonstrou irritação com a pergunta sobre Santos Cruz e também expressou incômodo com questionamentos relacionados à divulgação de supostas mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, --a quem chamou de "patrimônio nacional"-- e procuradores da operação Lava Jato.

Exaltado, o presidente criticou jornalistas e sugeriu o que deveriam perguntar.

"Faz uma pergunta inteligente, meu Deus do céu. Como é que está o Brasil, o que é que a gente está fazendo, a esperança, a Previdência", disparou.

"Vocês querem voltar ao que era antes? A imprensa aqui é Lula Livre? É Lula Livre, é um bandido livre, condenado por três instâncias? Pelo amor de Deus, vamos ser coerentes. Por isso cada vez mais a imprensa cai em descrédito no Brasil."

O presidente defendeu a medida provisória editada por seu governo que retira da Fundação Nacional do Índio (Funai) a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas --após a proposta já ter sido rejeitada pelo Congresso-- assim como o decreto que flexibiliza o porte de armas e que já teve aprovada sua derrubada pelo Senado.

"Quem demarca terras indígenas sou eu, não é nenhum ministro. Quem manda sou eu. Nessa questão e em tantas outras", disse.

"Votaram contra o decreto (das armas) ou contra o presidente Bolsonaro, para dar um recado para mim? Ninguém dá recado para mim, eu converso com o Parlamento numa boa. Se alguns querem dar um recado para mim, estão agindo de forma errada", afirmou.

Bolsonaro também voltou a criticar o que chama de indústrias da multa, referindo-se às punições ambientais aplicadas pelo Ibama e às penalidades impostas por radares eletrônicos por excesso de velocidade.

O presidente chegou a afirmar que, ao retirar radares eletrônicos de estradas federais, está ajudando a reduzir a inflação.

"Não tem mais o Ibama multando os outros por aí. Não tem mais o Ibama atrapalhando quem quer produzir. Acabou essa brincadeira. Como estamos tirando das costas de vocês a multagem eletrônica, indústria da multa. Quem tem prazer de dirigir aqui no Brasil? Só multa em cima de multa", defendeu.

"Hoje em dia quem produz já coloca na planilha de custo o preço da multa. Dessa maneira, estamos ajudando a diminuir a inflação."