Topo

Rússia ameaça Geórgia com retaliação econômica

24/06/2019 13h32

Por Margarita Antidze e Maria Kiselyova

TBILISI/MOSCOU (Reuters) - A Rússia alertou na segunda-feira a ex-república soviética da Geórgia que enfrentará dolorosas conseqüências se os protestos anti-russos não forem controlados, afirmando que está apertando o controle sobre as importações de vinho que levam milhões de dólares à Geórgia em receitas a cada ano.

Protestos violentos ocorreram em frente ao prédio do Parlamento da Geórgia na semana passada depois que o deputado russo Sergei Gavrilov se dirigiu ao Parlamento georgiano na cadeira do presidente, falando em russo.

Isso desencadeou uma onda de ressentimento entre muitos georgianos, que se sentem irritados e humilhados por terem que manter laços amigáveis com Moscou, embora a Rússia tenha invadido brevemente seu país em 2008 e ainda apoie duas regiões separatistas da Geórgia.

A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, acusou a "quinta coluna" leal a Moscou por causar problemas, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na segunda-feira que "a histeria russofóbica" está sendo artificialmente instaurada na Geórgia.

O órgão regulador do consumidor russo, Rospotrebnadzor, afirmou em um comunicado que está introduzindo os controles mais rigorosos sobre as importações de vinho devido a preocupações com a qualidade das remessas georgianas. Peskov negou qualquer ligação com a disputa política.

Mas Moscou, no passado, usou a proibição das importações de vinho como arma em disputas políticas com a Geórgia. A Rússia já suspendeu os voos para a Geórgia pelas companhias aéreas russas, atingindo o turismo, outra importante fonte de receita para a economia do país.

Quando os protestos começaram, na quinta-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para evitar que manifestantes invadissem o Parlamento. Centenas de pessoas ficaram feridas, algumas gravemente.

Os protestos rapidamente se transformaram em uma dupla crise: colocar Moscou contra Tbilisi e colocar os manifestantes na Geórgia contra seu próprio governo, que há anos tenta amenizar as diferenças com Moscou.

Em um movimento que os manifestantes saudaram como uma vitória, o partido governista Sonho Georgiano disse que para a eleição parlamentar de 2020, o país passaria de um sistema eleitoral misto para um sistema proporcional, sem nenhum limite para os partidos entrarem no Parlamento.

A mudança estava programada para acontecer de qualquer maneira em 2024, mas os manifestantes exigiam que a mudança fosse antecipada. Um sistema proporcional provavelmente tornará mais difícil para o partido Sonho Georgiano manter seu domínio no Parlamento sem formar uma coalizão.