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Sem oferecer evidências, Trump acusa Mueller de crimes

26/06/2019 20h15

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem oferecer evidências, acusou diretamente o procurador especial Robert Mueller de ter cometido um crime, dizendo nesta quarta-feira que Mueller havia ilegalmente "apagado" comunicações do FBI como parte de sua investigação sobre interferência da Rússia nas eleições dos Estados Unidos. 

O Departamento de Justiça se recusou a comentar o assunto. 

"Mueller apagou as mensagens de maneira ilegal. Ele apagou todos os e-mails. Robert Mueller deu fim às mensagens deles juntos. Ele apagou. Elas sumiram. E isso é ilegal. Isso é um crime", disse Trump em uma entrevista à Fox Business Network, em referência a dois ex-funcionários do FBI que haviam trocado mensagens depreciativas sobre o presidente. 

Trump fez os comentários antes do depoimento agendado de Mueller diante de parlamentares no mês que vem, sobre sua investigação sobre a interferência russa nas eleições norte-americanas de 2016 e se a campanha de Trump teria trabalhado em conjunto com Moscou. 

O presidente republicano, que lançou formalmente sua campanha de reeleição na semana passada, repetidas vezes criticou a investigação de Mueller durante os dois anos em que ela ocorreu, e acusou vários dos membros da equipe de serem democratas que trabalhavam contra ele. 

Ele também acusou Mueller de ter um conflito de interesse empresarial ligado ao resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, assim como de ter se encontrado com ele no início do mandato de Trump na Casa Branca sobre a possibilidade de chefiar o FBI por uma segunda vez. 

Mueller, que foi intimado, irá depor sobre seu relatório diante do Comitê Judiciário e de Inteligência da Câmara dos Deputados, controlada pela oposição democrata, no dia 17 de julho. 

Em seu relatório publicado em abril, Mueller concluiu que a Rússia interferiu nas eleições norte-americanas de 2016, mas que a campanha de Trump não teria conspirado ilegalmente com a Rússia para interferir na disputa. Ele também apresentou uma série de exemplos onde Trump teria cometido obstrução de justiça, mas se absteve de concluir que o presidente havia cometido crimes. 

Mueller, que também é republicano, serviu anteriormente como diretor do FBI. 

(Reportagem de Susan Heavey e Mark Hosenball)