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Resorts alpinos se preparam para efeitos da mudança climática para sobreviver

16/07/2019 10h48

Por Michael Shields

AROSA, Suíça (Reuters) - A perspectiva de ondas de calor violentas levando turistas ao frescor das montanhas e de crianças perguntando aos avôs sobre suas lembranças da neve está levando os resorts alpinos de esqui a refletirem sobre as implicações da mudança climática.

Como muitos acreditam que o aquecimento global reduzirá a precipitação de neve, especialmente em locais mais baixos, a indústria turística suíça está procurando maneiras de preservar um negócio lucrativo brutalmente exposto ao clima.

Entra em cena Napa, o último urso de circo da Sérvia.

O resort de esqui de Arosa, no leste da Suíça, criou um refúgio de 6,5 milhões de dólares que abriga Napa e outros dois ursos resgatados de jaulas em restaurantes da Albânia para ajudar a atrair veranistas e diminuir sua dependência de praticante de esqui e snowboard.

Turmas escolares, famílias e um grupo de veteranos do Exército que comemoravam um 80º aniversário o visitaram em um dia de verão recente, ajudando o parque a atingir o que o diretor turístico de Arosa, Pascal Jenny, disse ser uma meta de 50 mil visitantes neste ano.

Arosa se reinventou, adotando o turismo de inverno nos anos 1930 depois de passar décadas como resort de saúde para tuberculosos. Mas não será fácil –no inverno do ano passado a localidade teve quase 620 mil pernoites, mais que o triplo do total do verão.

Jenny, que teme uma redução acentuada na precipitação de neve nos próximos 20 ou 30 anos, está se precavendo.

"O que nos dá alguma esperança é que a neve artificial está obtendo fortes avanços técnicos. Agora posso fazer neve a 5 graus acima do ponto de congelamento", disse ele em uma plataforma de observação ao lado do teleférico Weisshorn, que oferece uma vista abrangente do vale alpino recoberto de neve.

Sua abordagem dupla enfatiza o dilema enfrentado pelos resorts montanhosos: como manter os lucros enquanto embarcam no que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) classifica como uma reformulação global do turismo.

"As consequências da mudança climática serão sentidas em todo o setor de viagens e turismo ao longo das próximas décadas", alertou a OCDE, cujos países-membro representam 80% do comércio e do investimento mundiais, em um estudo de 2018 sobre megatendências no turismo.

Tempestades, inundações e marés ameaçarão regiões litorâneas, destinos do sul enfrentarão ondas de calor extremas e os do norte terão períodos de precipitação de neve mais curtos, disse.