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Aliados de Merkel contêm avanço da extrema-direita em eleições regionais na Alemanha

Paul Carrel e Madeline Chambers

Berlim

01/09/2019 15h05

Os conservadores do partido da chanceler alemã Angela Merkel e seus parceiros de coalizão, os Sociais Democratas (SPD), conseguiram conter um crescimento no apoio à extrema direita em duas eleições estaduais no leste da Alemanha neste domingo, evitando uma crise imediata para a aliança atualmente no poder.

Os Democratas-Cristãos de Merkel (CDU) continuaram sendo o maior partido da Saxônia, embora tenham visto sua participação em votos cair 7,4 pontos desde a última eleição em 2014, para 32%, enquanto o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo lugar, segundo regulados preliminares.

O AfD busou aproveitar a ira dos eleitores sobre refugiados e planos para o fechamento de minas de carvão nos antigos estados do leste comunista, colocando-se como herdeiro dos manifestantes que provocaram a queda do Muro de Berlim três décadas atrás.

Em Brandemburgo, que circunda Berlim, os social-democratas de esquerda do SPD asseguraram o primeiro lugar, em um Estado que comandam desde a reunificação alemã em 1990, conquistando 27,2% dos votos - à frente do AfD com 22,8%, segundo os resultados preliminares.

Os contratempos para os partidos no poder não foram tão grandes quanto se temia, e os resultados aliviaram alguma pressão sobre a coalizão nacional liderada por Merkel.

"Os resultados são um lembrete de quão pouco CDU e SPD poderiam ganhar com novas eleições neste momento. Isso pode ajudar a estabilizar a posição de Merkel, pelo menos por enquanto", disse Carsten Nickel, diretor da Teneo, uma consultoria.

Muito dependerá do SPD, que governa com o partido radical de esquerda "Left" em Brandemburgo. O partido, que afundou em turbulência após seu pior desempenho nas eleições europeias em maio, está perto de mínimas recordes em pesquisas eleitorais enquanto ainda segue à procura de um líder.

Muitos membros do SPD querem renunciar à aliança nacional que apoiou Merkel por 10 dos seus 14 anos no poder e se reconstruir na oposição.

Thorsten Schaefer-Guembel, um dos líderes interinos do SPD, disse que a coalizão está trabalhando construtivamente.

"Não há dúvida de que existem diferenças substanciais ... mas é claro que essa coalizão continuará", disse ele à rede de televisão ZDF, acrescentando que os partidos estavam se concentrando em questões como um ambicioso pacote de proteção climática.

Os líderes da CDU e do SPD mostraram-se aliviados por terem conseguido conter um avanço maior do AfD.

"Conseguimos. Essa é uma mensagem que sai da Saxônia", disse Michael Kretschmer, primeiro-ministro da Saxônia na CDU, a apoiadores, que aplaudiram. "Este é realmente um bom dia para o nosso Estado".

Um colapso da coalizão que apoia Merkel poderia desencadear uma eleição relâmpago ou resultar em um governo de minoria— opções desagradáveis para os alemães e seu gosto pela estabilidade.

Pesquisas nacionais colocam os conservadores em primeiro lugar, à frente dos Verdes, com o SPD disputando de perto com o AfD.

Duras derrotas em eleições estaduais no ano passado levaram Merkel, criada na Alemanha Oriental, a deixar o cargo de líder da CDU e anunciar que este seria seu último mandato como chanceler.

Seu sucessor como líder do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, cometeu várias gafes desde que assumiu o cargo e seu status de herdeiro de Merkel parece cada vez mais frágil.