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Negociações de última hora travam e Espanha caminha para novas eleições

Reuters
Imagem: Reuters

Emma Pinedo e Jesús Aguado*

Em Madri (Espanha)

17/09/2019 12h27

A Espanha estava a caminho, nesta terça-feira, de realizar a quarta eleição nacional em quatro anos, uma vez que não havia qualquer sinal de acordo enquanto se aproxima o prazo final para a formação de um novo governo.

Políticos e fontes de todos os lados do espectro político duvidam das chances de se romper um impasse de cinco meses que prevalece desde uma eleição inconclusiva antes do fim do prazo, na próxima segunda-feira.

Se não houver avanço, uma nova eleição será realizada em 10 de novembro. Embora a economia não tenha sofrido muito até o momento, analistas econômicos dizem que novos atrasos na implementação de reformas em áreas como mão de obra e pensões podem começar a impactar.

A Espanha, que possui a quarta maior economia da zona do euro, está no limbo político desde que os socialistas, do líder Pedro Sánchez, emergiram como o maior partido nas eleições de abril, mas sem obter uma maioria parlamentar.

Líderes de partidos passaram mais tempo trocando acusações públicas pelo impasse do que negociando de fato, e diversos apelos e iniciativas de última hora não resultaram em qualquer avanço.

"O objetivo é mostrar que eles tentaram até o fim", disse uma fonte próxima às negociações.

O partido de centro-direita Ciudadanos se ofereceu na segunda-feira para ajudar Sánchez a garantir a confirmação do Parlamento como primeiro-ministro se certas condições forem cumpridas, mas Sánchez disse que seu partido já está cumprindo as condições.

O Ciudadanos acusou Sánchez de mentir em sua resposta, e disse que só poderia apoiá-lo se ele cumprisse todas as exigências da legenda.

"A resposta dele... é uma piada para todos os espanhóis. Estou pedindo a ele que retifique, volte à constitucionalidade e permita destravar a Espanha", escreveu o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, no Twitter.

Pesquisas de opinião mostram que uma nova eleição pode não acabar com o impasse, uma vez que os socialistas ainda seriam incapazes de obter cadeiras suficientes no Parlamento de 350 membros para garantir a maioria por conta própria.

O conservador Partido Popular (PP), que ficou em segundo na eleição de abril, disse que votaria contra Sánchez.

Pablo Iglesias, líder do partido de extrema-esquerda Unidas Podemos, reafirmou, depois de se encontrar com o rei Felipe, que apoiaria a confirmação de Sánchez apenas se o líder socialista concordasse com um governo de coalizão. Os socialistas já descartaram um governo de coalizão com o Podemos.

*Colaboraram Belen Carreno, Isla Binnie, Paola Luelmo e Elena Rodriguez