Carta sobre presença civil não impede ataque de drone dos EUA contra agricultores no Afeganistão
Por Ahmad Sultan e Abdul Qadir Sediqi
JALALABAD, Afeganistão/CABUL (Reuters) - Doze dias antes da colheita do pinhão, o governador de Nangarhar, província do leste do Afeganistão, recebeu uma carta de anciãos de um vilarejo na área de Wazir Tangi sobres planos de recrutar 200 trabalhadores e crianças para a estação da fruta seca.
A carta de 7 de setembro, vista pela Reuters, foi enviada com a meta de ajudar a evitar que os trabalhadores fossem vitimados por confrontos entre forças afegãs apoiadas pelos Estados Unidos e combatentes do Estado Islâmico no terreno montanhoso em grande parte controlado pelos jihadistas.
Insurgentes do Taliban e combatentes do Estado Islâmico estão disputando entre si o controle dos recursos naturais da província. Forças norte-americanas e afegãs realizam ataques aéreos com frequência para retomar o território perdido para grupos militantes.
Na quarta-feira, poucas horas depois que agricultores, trabalhadores e crianças encerraram seu dia de trabalho na colheita dos pinhões na área densamente arborizada e acenderam fogueiras perto de suas barracas, um drone dos EUA atingiu o local, matando 30 civis e ferindo outros 40, segundo três autoridades provinciais afegãs.
Moradores expressaram choque e revolta pelo fato de o ataque ter ocorrido apesar da carta e das garantias subsequentes de proteção dos trabalhadores.
Um porta-voz das forças dos EUA no Afeganistão confirmou na quinta-feira que o ataque de drone foi realizado por seu país na intenção de destruir os esconderijos de combatentes do Estado Islâmico.
Indagado sobre a carta, o coronel Sonny Leggett disse que isso será parte da investigação.
(Reportagem e redação adicional de Rupam Jain, em Cabul)
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