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Forças sírias apoiadas pela Rússia entram em região dominada por curdos

14/10/2019 11h36

Por Ellen Francis e Tuvan Gumrukcu

BEIRUTE/ANCARA (Reuters) - Forças sírias apoiadas pela Rússia não perderam tempo para aproveitar a vantagem de uma retirada abrupta dos Estados Unidos nesta segunda-feira, aprofundando-se no território dominado pelos curdos ao sul da fronteira turca menos de 24 horas depois de Washington anunciar uma retirada total.

Ex-aliados dos EUA, os curdos disseram ter chamado as tropas sírias como uma "medida de emergência" para ajudar a conter um ataque da Turquia, lançado na semana passada com um "sinal verde" do presidente Donald Trump que os curdos descreveram como uma traição.

O governo sírio começou a se mobilizar nesta segunda-feira, em uma grande vitória para o presidente Bashar al-Assad e a Rússia, que é sua principal aliada e cujos militares ganharam terreno no maior trecho do país que ainda estava fora do seu alcance.

Conforme o acordo, as forças governamentais estão prestes a entrar em áreas fronteiriças desde a cidade de Manbij, no oeste, até Derik, 400 quilômetros ao leste.

A mídia estatal síria noticiou que tropas entraram em Tel Tamer, cidade situada na estrada leste-oeste M4, que tem importância estratégica e se localiza cerca de 30 quilômetros ao sul da divisa com a Turquia.

A televisão estatal mostrou moradores saudando as forças sírias na cidade de Ain Issa, que fica em outra parte da rodovia a centenas de quilômetros de distância. Uma autoridade de mídia das Forças Democráticas Sírias (FDS) disse que não podia confirmar estas mobilizações

Ain Issa controla os acessos a Raqqa, ex-capital do "califado" do Estado Islâmico que combatentes curdos recapturaram dois anos atrás – um dos maiores triunfos da campanha liderada pelos EUA.   

Grande parte da M4 se situa no extremo sul do território em que Ancara almeja criar uma "zona segura" dentro da Síria. A Turquia disse ter tomado parte da rodovia. Uma autoridade das FDS disse que os combates continuam.

As mobilizações rápidas efetuadas por Damasco coincidiram com o colapso repentino da estratégia que os EUA puseram em prática na Síria nos últimos cinco anos. No domingo, Washington anunciou a retirada de sua força inteira de mil soldados que vinha combatendo o Estado Islâmico ao lado dos sírios curdos desde 2014.

O ataque turco provocou repúdio internacional generalizado e o temor de que permitirá que militantes do Estado Islâmico na Síria fujam de prisões controladas pelos curdos e se reorganizem.