Chile tem primeiras grandes greves desde que presidente prometeu reformas sociais
Por Dave Sherwood e Natalia A. Ramos Miranda
SANTIAGO (Reuters) - Estudantes e sindicalistas lideraram passeatas por Santiago nesta quarta-feira na primeira manifestação formalmente organizada contra a desigualdade social desde que o presidente chileno, Sebastian Piñera, prometeu reformas sociais para tentar encerrar os dias de tumultos.
Milhares de trabalhadores em greve, incluindo profissionais de saúde e professores, cantaram e carregaram faixas na capital e em outras cidades. As marchas pacíficas foram monitoradas pela polícia e pelos soldados.
As reuniões populares somaram quatro dias de protestos, ataques criminosos e saques, com mais de 6.000 pessoas detidas e pelo menos 15 mortos. Milhares de chilenos desafiaram um estado de emergência e toque de recolher militar.
Sindicatos e organizações sociais queriam uma voz na implementação de um plano de reforma social anunciado por Piñera na noite de terça-feira, disse José Pérez Debelli, presidente da Associação Nacional de Empregados Fiscais (ANEF), um dos sindicatos que convocou a greve.
"Precisamos levar a voz daqueles que estão nas ruas, para canalizar raiva e descontentamento pela desigualdade de nosso país", afirmou.
A Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC), que inclui trabalhadores sindicalizados de cada divisão da mineradora estatal Codelco, a maior produtora de cobre do mundo, concordou em se juntar à greve geral nacional desta quarta-feira.
A Codelco disse que uma de suas minas foi fechada e as operações em uma fundição foram drasticamente reduzidas. Seis das oito divisões da Codelco continuavam com a "maioria de suas operações", informou a empresa em comunicado.
A produtora de cobre Antofagasta disse na quarta-feira que os protestos no Chile podem reduzir sua produção em cerca de 5.000 toneladas, equivalente a menos de 3% da produção do terceiro trimestre, devido a atrasos nos suprimentos e interrupções de viagens para os trabalhadores.
Jimena Blanco, chefe de pesquisa da consultoria Verisk Maplecroft na América Latina, afirmou que é "uma questão de tempo" até que efeitos ao longo da cadeia de suprimentos tenham um impacto negativo no setor de mineração.
"Por exemplo, a greve de ontem pelo sindicato dos trabalhadores portuários afetou 20 das instalações marítimas do país, incluindo as principais exportações de mineração em Antofagasta e Iquique", disse ela.
Em seu anúncio, Piñera destacou que esperava transformar os violentos protestos em uma "oportunidade" para o Chile. As reformas propostas pelo presidente incluem um salário mínimo garantido, um aumento na pensão estatal e a estabilização dos custos de eletricidade.
O presidente afirmou que o pacote representa "medidas concretas e urgentes" para resolver a desigualdade que enviou dezenas de milhares às ruas para exigir uma revisão econômica e, em alguns casos, a destituição do presidente.
O presidente socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, comemorou na quarta-feira os desdobramentos no Chile, dizendo que eles representaram a vitória em uma batalha "para desmantelar o modelo neoliberal.
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