Topo

Chile cancela cúpulas comercial e climática devido a tumultos em Santiago

30/10/2019 11h43

Por Marion Giraldo

SANTIAGO (Reuters) - O Chile desistiu nesta quarta-feira de sediar a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) no mês que vem, na qual se esperava que os Estados Unidos e a China assinassem um acordo para amenizar as tensões comerciais que prejudicam a economia global, devido aos protestos de rua que assolam o país sul-americano.

A mudança abrupta, vinda depois de semanas de tumultos contra a desigualdade no Chile que deixaram ao menos 18 mortos, transtornou a Apec, já que os países participantes foram pegos de surpresa e não há sede alternativa de prontidão.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, que luta por sua sobrevivência política, disse que tomou a decisão "dolorosa" de cancelar a cúpula, além de uma reunião internacional de grande relevância sobre a mudança climática agendada para dezembro, para se dedicar a restaurar a lei e a ordem e levar adiante um novo plano social.

"Como presidente de todos os chilenos, sempre preciso colocar os problemas e interesses dos chilenos, seus desejos e suas esperanças, em primeiro lugar", disse ele em declaração curta no palácio La Moneda, em Santiago.

A cúpula da Apec deveria reunir 20 líderes mundiais entre 16 e 17 de novembro. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu colega chinês, Xi Jinping, deveriam assinar um acordo provisório para encerrar a guerra comercial iniciada por Washington.

O cancelamento pode privar os dois líderes de uma chance de se encontrarem em breve em terreno neutro, mas o governo Trump disse que ainda espera assinar o acordo com a China no mês que vem. Uma autoridade da Casa Branca disse à Reuters que o recuo do Chile pegou o governo norte-americano de surpresa.

Piñera não mencionou uma possível localidade alternativa para a cúpula da Apec.

Tumultos violentos deixaram grandes partes de Santiago interditadas. O metrô da capital sofreu ao menos 400 milhões de dólares de danos. Sete mil pessoas foram presas no total e os negócios chilenos sofreram perdas de cerca de 1,4 bilhão de dólares.

Piñera também disse que tampouco conseguirá sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP25) entre 2 e 13 de dezembro.

A cúpula iria reunir delegados de cerca de 190 nações para conversas cuja meta é detalhar como reduzir as emissões globais para cumprir o acordo climático de Paris.

(Reportagem adicional de Valerie Volcovici em Washington, Nina Chestney em Londres e Dave Graham na Cidade do México)