Vida na Alemanha Oriental comunista era "quase confortável" às vezes, diz Merkel
BERLIM (Reuters) - A vida na comunista República Democrática Alemã (RDA) foi mais simples e às vezes "quase confortável de uma certa maneira", disse a chanceler Angela Merkel, que cresceu na ex-Alemanha Oriental, ao jornal Sueddeutsche Zeitung.
Em entrevista ao jornal alemão divulgada antes do 30º aniversário da queda do Muro de Berlim, no sábado, Merkel disse que a Alemanha Ocidental tinha uma "noção bastante estereotipada" do Leste.
Há muitas pessoas, disse ela, "que simplesmente tinham dificuldade em entender que havia uma diferença entre o Estado da Alemanha Oriental e a vida individual dos cidadãos da Alemanha Oriental".
"Me perguntaram se você poderia ser feliz na Alemanha Oriental e se poderia rir. Sim, eu e muitos outros colocávamos grande importância em sermos capazes de nos olhar no espelho todos os dias, mas tivemos que nos comprometer", afirmou ela.
"Muitas pessoas não queriam escapar todos os dias ou ser presas. Este sentimento é difícil de transmitir."
Nascida em Hamburgo em 1954, Merkel se mudou com a família para a Alemanha Oriental quando bebê, quando seu pai, Horst Kasner, recebeu uma oferta de emprego como pastor lá. Ela cresceu em Templin, uma pequena cidade ao norte de Berlim, cercada por colinas e lagos pitorescos.
Embora seu pai pertencesse a uma ala da igreja protestante que trabalhava com, e não contra, o sistema político, a família era vista como suspeita pelas autoridades comunistas por causa de seu papel religioso.
A queda do muro, que dividiu a Alemanha Oriental e Ocidental em Berlim por quase três décadas e se tornou um símbolo poderoso da Guerra Fria, foi seguida um ano depois pela reunificação da Alemanha.
Refletindo sobre o tempo que o leste da Alemanha levou para se adaptar à reunificação, Merkel disse ao Sueddeutsche: "Os esforços da liberdade, para decidir tudo, precisam ser aprendidos."
"A vida na RDA às vezes era quase confortável de uma certa maneira, porque havia algumas coisas que simplesmente não se podia influenciar", acrescentou.
(Por Paul Carrel)
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