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Irã diz que "conspiração" provocou incêndios em centenas de bancos e prédios públicos

27/11/2019 09h42

Por Babak Dehghanpisheh

GENEBRA (Reuters) - O principal líder do Irã classificou nesta quarta-feira uma onda de protestos violentos no país como "uma conspiração muito perigosa", e autoridades de segurança do país relataram que cerca de 731 bancos e 140 instalações do governo foram incendiados durante os distúrbios.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse que os protestos equivalem a um complô que a população do Irã derrotou, referindo-se aos piores tumultos antigoverno no país desde que as autoridades reprimiram manifestações contra fraude eleitoral em 2009.

Os distúrbios começaram em 15 de novembro, após o anúncio de aumentos no preço da gasolina, mas logo se tornaram políticos, e manifestantes exigiram que a alta liderança renuncie.

Em resposta, o governo culpou "bandidos" ligados a exilados e aos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita por atiçarem os protestos de rua.

"Uma conspiração profunda, vasta e muito perigosa na qual se gastou muito dinheiro... foi destruída pelo povo", disse Khamenei em uma reunião com membros da força paramilitar Basij, que participou da repressão dos protestos, de acordo com seu site oficial.

O ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, disse que cerca de 731 bancos e 140 instalações do governo foram incendiados durante os distúrbios.

Mais de 50 bases usadas pelas forças de segurança foram atacadas, e aproximadamente 70 postos de combustível também foram incendiados, disse ele em comentários publicados pela agência de notícias oficial Irna, sem especificar onde os ataques aconteceram.

Segundo a Irna, Rahmani Fazli também disse que até 200 mil pessoas de todo o país participaram dos tumultos.

Sediada em Londres, a Anistia Internacional disse na segunda-feira que registrou a morte de ao menos 143 manifestantes nos protestos.

O Irã rejeitou o saldo de mortes da Anistia, dizendo que várias pessoas, inclusive membros das forças de segurança, foram mortas e que mais de mil foram presas. O Centro de Direitos Humanos do Irã, grupo ativista radicado em Nova York, disse que o número de prisões provavelmente está mais perto de 4 mil.

O pano de fundo dos protestos são as novas sanções impostas pelos EUA neste ano para impedir quase todas as exportações de petróleo do Irã, e protestos semelhantes contra governos que incluem facções pró-Irã fortemente armadas irromperam no Iraque e no Líbano.