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EUA dizem que Irã pode ter matado mais de mil em protestos recentes

05/12/2019 17h09

Por Humeyra Pamuk

WASHINGTON (Reuters) - As forças de segurança iranianas podem ter matado mais de mil pessoas desde que protestos contra os aumentos dos preços da gasolina começaram em meados de novembro, disse o representante especial dos Estados Unidos para o Irã, Brian Hook, nesta quinta-feira, acrescentando que muitos milhares também ficaram feridos nos tumultos.

"À medida que a verdade emana do Irã, parece que o regime pode ter assassinado mais de mil cidadãos iranianos desde que os protestos começaram", disse Hook aos repórteres em um briefing no Departamento de Estado.

Entre estes havia ao menos uma dúzia de crianças, disse Hook, que alertou que os números não são definitivos porque Teerã bloqueia informações. Ele ainda disse que "muitos milhares de iranianos" também foram feridos e ao menos 7 mil detidos em prisões do país.

Os tumultos, que começaram em 15 de novembro depois que o governo elevou abruptamente os preços dos combustíveis em até 300%, se espalharam por mais de 100 cidades grandes e pequenas, e assumiram um viés político quando manifestantes jovens e da classe trabalhadora exigiram a saída dos líderes clericais.

Teerã não informou um saldo de mortes oficial, mas na segunda-feira a Anistia Internacional disse ter documentado as mortes de ao menos 208 manifestantes, o que tornou os protestos os mais sangrentos desde a Revolução Islâmica de 1979.

Os governantes clericais de Teerã culparam "bandidos" ligados a seus oponentes exilados e seus principais inimigos estrangeiros – os Estados Unidos, Israel e a Arábia Saudita.

A luta dos iranianos comuns para pagar as contas se tornou mais difícil desde o ano passado, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear que o Irã firmou com seis potências mundiais e reativou sanções que prejudicam ainda mais a economia iraniana dependente do petróleo.

Hook ainda disse que o fato de um navio de guerra da Marinha norte-americana ter apreendido peças de mísseis avançados que se acredita estarem ligadas ao Irã de um barco que deteve no Mar Arábico no dia 25 de novembro provavelmente é uma prova adicional dos esforços do Irã para inflamar conflitos na região.

"Interditamos uma horda significativa de armas e peças de mísseis evidentemente de origem iraniana. A apreensão inclui armas sofisticadas", disse, acrescentando que a embarcação supostamente seguia para o Iêmen para entregar as armas.

"Os componentes de armas constituem as armas mais sofisticadas apreendidas pela Marinha dos EUA até hoje durante o conflito do Iêmen", disse Hook.